TERROR BOLSONARISTA

Golpistas usam declarações de Bolsonaro, Flávio e Mourão para incitar novos atos terroristas

Bolsonaro compartilhou e apagou publicação que diz que "Lula não foi eleito, mas escolhido pelo STF e TSE", inflamando apoiadores. Grupo que organizou atos terroristas segue ativo no Telegram com 1,2 mil pessoas.

Flávio e Jair Bolsonaro.Créditos: Presidência da República
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Os golpistas que se mobilizam por meio de grupos no Telegram estão usando declarações e publicações de Jair Bolsonaro (PL), do filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), e do ex-vice-presidente e senador eleito general Hamilton Mourão (Republicanos-RS) para incitar novos atos terroristas pelo país.

Nesta terça-feira (10), o governo Lula, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU) detectou novas ameaças a partir do monitoramento desses grupos.  A "Mega Manifestação Nacional pela Retomada do Poder”, como os bolsonaristas vêm chamando a tentativa de golpe, envolve caravanas saindo de inúmeras partes do país rumo a Brasília, em uma tentativa de repetir o episódio de vandalismo que foi notícia em todo o mundo. 

Os golpistas ficaram ainda mais inflamados depois que Bolsonaro publicou - e depois apagou - um vídeo em que o procurador bolsonarista Felipe Gimenez afirma que "Lula não foi eleito, mas escolhido pelo STF e TSE". A postagem foi feita no Facebook do ex-presidente na noite desta terça e apagada em seguida.

No pouco tempo em que ficou no ar, o vídeo foi baixado e publicado em outros perfis bolsonaristas, funcionando como dog whistle - o "apito de cachorro" para mobilização da extrema-direita fascista. A publicação compartilhada por Bolsonaro segue no ar no perfil Maria Leal no Facebook.

No grupo "Selva Bunker 22" no Telegram, que foi criado para organizar os atos terroristas em Brasília e segue ativo com 1.291 membros na manhã desta quarta-feira (11), os golpistas replicaram o discurso de Flávio Bolsonaro para justificar porque foi um dos 8 dos 81 senadores que votaram contra a intervenção federal no Distrito Federal.

Na justificativa de seu voto contrário, o filho de Bolsonaro ecoou o discurso dos golpistas, de que o terrorismo foi praticado por "infiltrados" ligados à esquerda, e atacou o interventor Ricardo Capelli, nomeado pelo ministro da Justiça Flávio Dino.

"O interventor, que é um jornalista, portanto não entende praticamente nada de segurança pública, cujo currículo é ter sido presidente da UNE e secretário de comunicação do Estado do Maranhão. Portanto, eu não sei se essa pessoa, eu não o conheço, terá isenção suficiente para se ao identificar pessoas que estariam infiltradas, que tenham vínculos com partidos à esquerda, se ele terá a isenção suficiente para promover a justiça que queremos", disse Flávio no vídeo que está sendo usado para incitar novos atos terroristas.

Os golpistas ainda estão usando um tuite em que o ex-vice presidente Hamilton Mourão fala em "confinamento" dos golpistas que ficaram acampados durante mais de 60 dias na porta do Quartel-General do Exército em Brasília e foram presos após os atos terroristas.

"A detenção indiscriminada de mais de 1.200 pessoas, que hoje estão confinadas em condições precárias nas instalações da Polícia Federal em Brasília, mostra que o novo Governo, coerente com suas raízes marxistas-leninistas, age de forma amadora, desumana e ilegal", escreveu.

Os golpistas ainda estão usando a visita do senador bolsonarista Marcos do Val (Podemos-ES) ao ginásio da Polícia Federal, onde os bolsonaristas foram detidos, e o mandato de prisão de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, expedido por Alexandre de Moraes para incitar o bloqueio de estradas e convocação de novos atos terroristas.

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