CHAPA BRANCA

Em "sabatina" gravada na RedeTV, Bolsonaro mente sobre Auxílio sem ser contestado

Presidente mentiu descaradamente que criou Auxílio Emergencial de R$ 600 logo no início da pandemia, quando na verdade o governo queria pagar apenas R$ 200

Bolsonaro em "sabatina" na RedeTV.Créditos: Reprodução
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A RedeTV, uma das emissoras preferidas de Jair Bolsonaro (PL), abriu espaço para o presidente mentir descaradamente, principalmente sobre o Auxílio Emergencial e o Auxílio Brasil.

O canal de TV aberta realizou o que era para ser uma "sabatina" com o mandatário, candidato à reeleição, na noite desta quinta-feira (1). A entrevista, no entanto, foi gravada na parte da manhã e um dos entrevistadores foi Luís Ernesto Lacombe, jornalista notadamente bolsonarista

Logo no início da "sabatina", a outra apresentadora que estava na bancada, Erica Reis, afirmou "que muitas pessoas sobreviveram graças ao Auxílio Brasil" e perguntou a Bolsonaro se o valor do benefício continuará sendo de R$ 600 em 2023, caso ele seja reeleito. 

Na resposta, Bolsonaro mentiu sem ser contestado. Segundo o presidente, em 2020, seu governo "criou imediatamente o auxílio de R$ 600". "Começou com R$ 200 e a última proposta foi minha". 

Na verdade, em 2020, o Auxílio Brasil sequer existia. À época, foi criado o Auxílio Emergencial para socorrer a população de baixa renda afetada pela pandemia do coronavírus. Na ocasião, o governo Bolsonaro defendia o benefício a R$ 200 e o valor só chegou a R$ 400 após pressão da oposição no Congresso Nacional. 

O presidente mente ainda quando afirma que "a última proposta", de R$ 600, foi sua. O PT, por exemplo, defende benefício a este valor desde 2020 e o Auxílio Brasil só teve aumento este ano, às vésperas da eleição, em uma medida claramente eleitoreira do atual mandatário. 

"Evitamos que problemas sociais graves acontecessem no Brasil", disparou ainda Bolsonaro, ignorando o fato de que, sob seu governo, o Brasil voltou ao Mapa da Fome, com 33 milhões de pessoas vivendo em insegurança alimentar, segundo levantamento recente da Rede Penssan. 

Sobre manter o auxílio a R$ 600 em 2023, Bolsonaro afirmou que "garante" esse valor "até o final deste ano" e que, para mantê-lo em 2023, pretende taxar lucros e dividendos. 

O orçamento de 2023 apresentado pelo Ministério da Economia nesta quarta-feira (31), entretanto, prevê apenas R$ 405 reais mensais para cada família beneficiária do programa