O procurador-geral da República, Augusto Aras, ficou irritado com a operação deflagrada pela Polícia Federal nesta terça-feira (23) e autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que realizou buscas e apreensões em propriedades de empresários que declaram apoio a um possível golpe de estado do presidente Jair Bolsonaro (PL), caso não se eleja. A informação foi publicada na Folha de S. Paulo.
Aras teria avaliado que uma vez que Moraes acumulou o cargo de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), poderia colocar em xeque os esforços de quadros do Executivo e do Judiciário em busca de um acordo que faça o presidente Jair Bolsonaro parar com as declarações golpistas. O acordo estaria sendo costurado por aliados de Bolsonaro e desembocaria em uma concessão de Moraes a sobre o pedido das Forças Armadas de fiscalizar as urnas eletrônicas em troca do silêncio do presidente a respeito das suas teorias conspiratórias sobre o sistema eleitoral.
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O procurador-geral ainda teria ficado irado com o fato de a PGR só ter sido intimada a respeito das ações contra os empresários bolsonaristas na véspera da operação. Pelo prazo, Aras não teria tido tempo suficiente para opinar sobre o caso. Mas essa não foi a primeira vez em que Moraes autoriza uma operação sem ouvir a PGR. Em 2021 o mesmo ocorreu em operação que tinha como alvo o então Ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles. Seus desdobramentos resultaram no fim do mandato de Salles.
Os magistrados também divergiram no antigo inquérito dos atos Antidemocráticos. Se por um lado Moraes acatou o pedido de Aras de arquivar o inquérito, por outro lado, abriu um novo inquérito, o das milícias digitais, buscando dar sequências às investigações.