CONSPIRAÇÃO GOLPISTA

Toffoli reage à defesa de golpe feita por empresários: "Suicidas"

STF já recebeu ao menos quatro ações para investigar o grupo de empresários bolsonaristas que fazem defesa de um golpe de estado caso Lula seja eleito em outubro

Dias Toffoli.Créditos: Carlos Moura/SCO/STF
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O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), reagiu nesta sexta-feira (19) à conspiração golpista de empresários bolsonaristas que veio à tona, esta semana, a partir de reportagem de Guilherme Amado, do portal Metrópoles. 

Em um grupo de WhatsApp, empresários famosos fazem defesa explícita de um golpe de estado caso Lula (PT) vença as eleições de outubro. Foram flagrados nessas conversas Luciano Hang, das lojas Havan; Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu; José Isaac Peres, dono da rede de shoppings Multiplan; José Koury, do Barra World Shopping; Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia; e Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono da marca de roupas de surfe Mormaii.

Toffoli, ao comentar o caso durante evento do grupo Esfera Brasil em São Paulo, chamou os empresários golpistas de "suicidas". "Em relação a ação desses empresários, primeiro que atentar contra a democracia é crime no nosso país, assim como é nos Estados Unidos, na Europa. Nos países democráticos atentar contra o Estado democrático de Direito é crime", declarou. 

"Não estou aqui a julgar, estou falando em tese, não estou falando sobre caso concreto. Se empresários divulgam esse tipo de posicionamento eles são suicidas. Porque não há dúvida nenhuma que os Estados Unidos, a Europa, os países democráticos vão retaliar o Brasil economicamente. Investidores vão embora, isso vai gerar desemprego em nosso país, isso vai gerar saída de capitais em nosso país (..) Isso é loucura", prosseguiu o ministro do STF. 

Ações no STF pedem investigação de empresários 

Desde que as mensagens de teor golpista dos empresários bolsonaristas vieram à tona, na última quarta-feira (17), ao menos 4 ações foram protocoladas no STF pedindo abertura de investigação sobre o caso

Uma delas é assinada pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que pede quebra de sigilo dos empresários em questão, bloqueio de suas contas nas redes sociais e, se necessário, prisão. 

Outra ação foi protocolada pela Coalizão em Defesa do Sistema Eleitoral. A entidade pede que sejam requeridos os celulares dos noticiados e dos demais membros do grupo de WhatsApp e quebra de sigilo telefônico para verificar a autenticidade das mensagens. 

“No material divulgado há elementos indiciários a demonstrar uma possível organização de empresários, que trama desestabilizar as instituições democráticas, defendendo a necessidade de exclusão dos Poderes Legislativo e Judiciário, atacando seus integrantes, especialmente e pregando a própria desnecessidade de tais instituições estruturais da Democracia brasileira, falando em golpe com todas as letras”, diz a entidade. 

Parlamentares do PT também acionaram a Corte com uma notícia-crime. A ação destaca que, nas mensagens do grupo de WhatsApp, ficou constatado que os empresários "conspiram contra o Estado Democrático de Direito, o Sistema de Justiça Eleitoral e a soberania popular, articulando e defendendo proposta de golpe de Estado”. Os petistas pedem "prisão em flagrante dos participantes do grupo ou, após análise da Procuradoria-Geral da República (PRG) e Ministério Público Federal (MPF), prisão preventiva dos membros do grupo; a quebra do sigilo telefônico e telemático de todos os envolvidos". 

Uma quarta petição para que os empresários sejam investigados foi protocolada por quatro entidades: a Associação Brasileira de Juristas Pela Democracia (ABJD), Associação de Juízes para a Democracia (AJD), Associação Americana de Juristas (AAJ-Rama Brasil) e Instituto de Pesquisas e Estudos Avançados da Magistratura e Ministério Público do Trabalho (Ipeatra) Comissão Justiça e Paz de Brasília (CJP-DF).