BOLSONARISTAS

Empresários pró-golpe também incentivaram espalhar mentiras para “vencer guerra”

Ricaços que apoiam Bolsonaro em grupo do WhatsApp, sem qualquer pudor ou escrúpulos, estimulam fake news, xingam jornalistas e classificam inúmeros adversários do presidente com predicados homofóbicos

Créditos: Agência Brasil
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Empresários bolsonaristas de um grupo de WhatsApp que defende abertamente um golpe de Estado caso Lula (PT) vença as eleições de outubro, denominado "Empresários & Política", composto por figuras como Luciano Hang, das lojas Havan, Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu, José Isaac Peres, dono da rede de shoppings Multiplan, José Koury, do Barra World Shopping, o ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet, Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia, e Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono da marca de roupas de surfe Mormaii, em nova reportagem de Guilherme Almeida, para o portal Metrópoles, aparecem incentivando abertamente a disseminação de fake news contra Lula e a esquerda, sem qualquer constrangimento ou escrúpulo.

“Guerra de informação é uma das armas mais poderosas. Em todas as guerras (as fake news) são de importância estratégica!!!! Eles usam direto. Nós apenas estamos olhando”, disse Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, da Mormaii. Ao ser repreendido por um jornalista que está no grupo e se manifestou contra o uso de informações falsas, o empresário, segundo o Metrópoles, foi ainda mais enfático.

“Se não precisar mentiras… ótimo!!!! Mas se precisar para vencer a guerra é aceitável. Muito pior é perder a guerra!!!! Esta mídia e políticos em geral são todos mentirosos profissionais! O Bolsonaro é o esteio da verdade… Isso é indiscutível e muito nobre. Mas os soldados rasos não precisam ou não podem ter a mesma nobreza exatamente porque estão lutando corpo a corpo. Dedo no olho, pontapé no saco. Também não apoio eticamente a mentira. Óbvio. Mas não posso no momento condenar quem usa de todas as armas para lutar contra um mal muito, muito. Muito maior!!! É GUERRA!!!!”, escreveu Morongo.

Quem também foi alvo da corrente de mentiras foi o jornalista britânico Dom Philips, assassinado na Amazônia junto com o indigenista Bruno Pereira, em junho. A reportagem mostra que Marconi Souza, dono da Valeshop, disseminou uma história absolutamente fantasiosa e ridícula sobre o estrangeiro morto.

“O inglês Dom Philips… este aí tem uma outra história, que é a ponta de um iceberg que a esquerda mundial, o PT, PSOL e a mídia farão de tudo para desviar a atenção, pois foi um tiro no pé, tal qual o caso Marielle... Ele [Phillips] fazia uma reportagem, sem autorização legal da Funai, Ibama e sem o conhecimento do governo estadual e federal em reservas indígenas. Ele trabalha para uma ‘Fundação Internacional de Jornalistas Engajado’, chamada Fundação Alicia Patterson. Procurem no site. Buscando quem financia estas reportagens, que oferece bolsas, etc… eis que encontrei, ele mesmo Bill Gates e outros gigantes que querem controlar a mídia e o mundo”, escreveu Souza, que ainda ouviu um deboche sarcástico como resposta por parte de Morongo: “Karma existe”.

Já o ex-piloto Nelson Piquet correu para atacar a Globo e pedir o fechamento da emissora carioca. “Os transmissores da Globo precisam ser lacrados urgentemente em todo o Brasil. A guerra ao presidente do Brasil já não é mais velada, tornou-se escancarada e desproporcional, levando a uma inversão de papéis que atenta contra a democracia”, escreveu o tricampeão mundial de Fórmula 1.

Jornalistas também foram alvos de ataques misóginos e homofóbicos por parte dos magnatas de extrema-direita. Um deles, que não teve a identidade revelada, foi “acusado” por empresários do grupo de ser gay, enquanto a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, foi xingada por Emílio Dalçoquio, da transportadora Dalçoquio, e por Meyer Nigri, da Tecnisa.

“Nojenta, como todo apoiador de bandidos vítimas da sociedade. Hipócrita traidora”, disse o primeiro, enquanto o segundo afirmou que “Ela é uma fdp!”. O usineiro José Pessoa aproveitou a enxurrada de baixarias e também ofendeu Mônica, dizendo que “essa feladaputa (sic) iria festejar se tivesse policiais mortos!!!! Bandida!!!!”.

Em outros diálogos, os empresários milionários também fazem “piadas” com a orientação sexual do ex-governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB), que é assumidamente gay.