Em entrevista ao Fórum Café na manhã desta quinta-feira (18), o jornalista Guilherme Amado, que revelou a conspiração golpista em grupo de empresários apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) no WhatsApp, contou os bastidores da reportagem e afirmou que acompanha as conversas há meses, mas resolveu revelar as trocas de mensagens depois que o golpe entrou em pauta.
Ao comentar a declaração de José Koury, dono do Barra World Shopping no Rio de Janeiro, que afirmou que "prefiro golpe do que a volta do PT" e que "ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil, como fazem com várias ditaduras pelo mundo", o jornalista afirmou que fica claro nas conversas que os empresários preferem a volta da instalação de um regime autoritário no país.
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"Essa lógica é de uma loucura, porque o que ele tá pensando? Ah... A Arábia Saudita recebe investimentos e se recebe investimentos porque o Brasil não vai receber... Quer dizer: não está nem aí se a gente virar uma Ditadura. Na verdade, vamos ser sinceros, francos aqui, pelo que defendem no grupo, uma ditadura seria melhor mesmo para eles. A democracia não permite que o que eles defendem em vários momentos no grupo seja estabelecido, na Ditadura sim", diz Amado.
Segundo ele, nesta quinta-feira (18) serão divulgadas mais conversas entre os empresários golpista em nova reportagem - serão ao menos quatro de uma série que está sendo apurada.
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Amado diz ainda que "ataques ao Supremo tem aos montes" nas conversas dos empresários, que apostam todas as fichas em um golpe nos atos que estão sendo convocados por Jair Bolsonaro para o 7 de Setembro.
No entanto, na avaliação do jornalista, os últimos fatos - como o cancelamento do propalado desfile Militar em Copacabana - e as pesquisas de intenção de votos que mostram a possibilidade de vitória de Lula (PT) no primeiro turno devem enfuerer Bolsonaro que pode colocar tudo a perder na celebração golpista.
"Se as pesquisas da semana anterior ao 7 de Setembro mostrarem o que estão mostrando - ou seja, ele sendo derrotado no primeiro turno -, o Bolsonaro vai enlouquecido para o 7 de Setembro, ele vai para matar ou morrer. Provavelmente vai voltar a atacar o TSE, o STF, falar em fraude, ser agressivo, ser o Bolsonaro em sua essência. Só que ao contrário de 2020, quando ele teve que fazer duas encenações de moderação que a gente sabe que nunca aconteceu, desta vez pode não dar tempo porque a gente vai estar a três semanas da eleição. O eleitor estará muito mobilizado pelo voto, ele vai ter que decidir em quem vai votar e vai ver esse teatro de horrores, que é muito provável que o Bolsonaro faça novamente. E não vai dar tempo do Bolsonaro mentir de novo, encenar de novo uma pacificação. E ai, todas as pesquisas dele mostram, que quando ele escala no radicalismo - sim, porque até um radical como Bolsonaro tem gradações de radicalismo, tem períodos que ele está pior que o ruim -, pode não dar tempo do eleitor esquecer quem ele é de verdade. E há uma possibilidade no pós 7 de Setembro dele cair e eleitores que estão se iludindo que ele está mais pacífico e que não vai errar novamente, essas pessoas desistem e votem nulo ou em outro candidato", analisou.
Veja a entrevista de Guilherme Amado ao Fórum Café na íntegra.