O cientista político Mathias Alencastro afirmou em entrevista ao Fórum Café desta segunda-feira (15) que “a formulação de que a eleição é uma encruzilhada entre civilização e barbárie é um desastre e só favorece Bolsonaro”. Para o professor de Relações Internacionais da UFABC, a eleição de 2022 “não é sobre democracia e menos ainda sobre a luta do bem contra o mal, mas sobre economia e direitos sociais”.
Na opinião de Alencastro, pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e PhD em Ciência Política em Oxford, “Lula entendeu o caráter essencial da eleição e tem pautado seu discurso pelos temas que de fato interessam neste momento à massa do eleitorado, as demandas concretas da vida concreta”.
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Alencastro alertou: ao contrário do que imaginam segmentos intelectualizados e parte das elites econômico-financeiras, a Carta pela Democracia (e as outras cartas surgidas a seguir) “não dialoga com a disputa eleitoral”. A democracia como valor é, neste momento, um tema institucional desligado da disputa entre Lula e Bolsonaro e os dois - tanto Lula como Bolsonaro - já se deram conta disso.
Na entrevista, concordamos que a questão democrática no Brasil na campanha eleitoral “resume-se a uma frase: ‘quem ganhar leva’”. E nada mais. O resto é a vida cotidiana.
Outra advertência do cientista político é em relação ao processo político experimentado na América Latina, com uma sequência de vitórias da centro-esquerda e esquerda no México, Argentina, Bolívia, Chile e Colômbia. “Não devemos alimentar ilusões. Não é a esquerda que está vencendo na América Latina, é a direita que fracassou. As pessoas não estão aderindo às ideias da esquerda, estão optando pela alternativa que se apresenta ao fracasso da direita e extrema direita”.
Assista à entrevista de Mathias Alencastro ao Fórum Café: