VINÍCIUS HAYDEN WITEZE

Gabriel Monteiro pedia pessoa negra, desgrenhada e com aspecto de pobreza, disse ex-assessor

Outro assessor afirmou que a menina era recebida na mansão onde Gabriel mora na Barra da Tijuca ao som de "Galinha Pintadinha"

Gabriel Monteiro.Créditos: Reprodução/ TV Globo
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De acordo com informações de Vinícius Hayden Witeze, Gabriel Monteiro (PL), vereador do Rio de Janeiro, determinava que seus assessores fossem às ruas, conversassem ou fotografassem pessoas vulneráveis para que escolhesse quais iria abordar.

Witeze foi assessor e é uma das testemunhas do processo contra Gabriel por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Câmara dos Vereadores, que aprovou na semana passada, por unanimidade (7 votos a zero), o relatório de Chico Alencar (PSOL) que propõe a perda de mandato.

“Quem roteirizava tudo era o Gabriel (...) (ele) dizia como ia ser do início, meio e fim. Ele fala assim: ‘Eu quero uma pessoa negra, eu quero uma pessoa com cabelo desgrenhado, eu quero uma pessoa com aspecto de pobreza, eu quero uma pessoa vulnerável e que esteja ali num sinal, na rua, alguma coisa, para poder gravar. Vai para a rua e arruma (...)”, disse o ex-assessor, que morreu dias depois ao depoimento, no fim de maio em um acidente de carro.

O ex-assessor também afirmou que havia sofrido ameaças por ter se voltado contra Gabriel Monteiro.

“Que eu vou morrer, que vão me pegar, isso está tudo impresso aqui também. Eu imprimi, trouxe para os senhores e entreguei também na delegacia. Eu queria muito saber até como faz para pedir proteção, porque não tenho segurança nenhuma. Moro em um município que tem um alto índice de homicídio, que é Belford Roxo, eu não me sinto protegido nem um pouco”, contou.

No fim do depoimento, Vinicius se referiu a ofensas que recebeu na rua:

“Até na rua eu escuto: ‘Traidor! Filha da puta!’, desculpa o termo, ‘Seu merda’, como já ouvi isso. Então, eu não tenho nem saído durante o dia de casa. Eu só saio de madrugada ou à noite. Eu acabei trocando meu horário”, contou.

Hayden relatou como Gabriel escolheu a criança para a qual organizou a vaquinha virtual:

“Ia mandando fotos para ele, ou para o Rick (Dantas, chefe de gabinete de Gabriel, ou no grupo de apurações, todos eles no meu celular. E ali, falava: esse aqui serve? Ele respondia: ‘Não, não serve. Está muito limpa, tem que estar mais suja... Tem que estar mais isso, não é ainda o que a gente quer...’ Aí, quando achava a pessoa... ‘Achamos. Beleza! Perfeito! Serve... Manda a localização’. Eu mandava a localização, e aí eu já conversava com a pessoa: ‘Olha, você vai ter um dia especial, diferenciado, com um Youtuber que está vindo aí. Queria saber se você topa’. A pessoa respondia que topava. Ia ao shopping, comprar roupa, isso aquilo...— contou o ex-assessor.”

Galinha pintadinha

De acordo com testemunhas do processo, Gabriel Monteiro e outros assessores sabiam que a adolescente de 15 anos filmada fazendo sexo com o político era menor de idade.

O chefe de gabinete, Rick Dantas, afirmou que a menina era recebida na mansão onde Gabriel mora na Barra da Tijuca ao som de "Galinha Pintadinha" e chegou a dar sugestões nas edições de vídeos que Gabriel monetizava na internet como youtuber.

“Eu tenho foto com ela (a adolescente). Sempre frequentou (a casa de Gabriel). Tanto é que, às vezes, chegava no estúdio onde a gente tava fazendo reunião… O Gabriel, ele juntava todo mundo pra querer ideia de vídeo (...), mas na lógica dele. Daí, ela chegava, e o Rick Dantas colocava até a música da Galinha Pintadinha pra ela, porque ela era menor de idade, ela era criança”, declarou Luísa Caroline Bezerra Batista, que trabalhou por sete meses com o vereador como atriz e roteirista nas produções.

Com informações do Extra e do Globo