HACKER DE ARARAQUARA

Advogado relata ameaça de morte após reunião de Delgatti com Bolsonaro: "me desestabilizou"

"Estou extremamente preocupado, pois as ameaças são dirigidas não só a minha pessoa, mas a toda minha família", disse Ariovaldo Moreira à Fórum.

Walter Delgatti Neto e Ariovaldo Moreira em entrevista ao Fórum Onze e Meia.Créditos: Reprodução/Youtube
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O advogado Ariovaldo Moreira, que deixou a defesa de Walter Delgatti na última quarta-feira (10) após encontro do "hacker de Araraquara" com Carla Zambelli (PL-SP) e Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, de Jair Bolsonaro, fez um boletim de ocorrência neste sábado (13) após receber ameaças contra a vida dele e da família por um número de whatsapp identificado pelo nome de "morte".

"Estou extremamente preocupado, pois as ameaças são dirigidas não só a minha pessoa, mas a toda minha família", disse Ariovaldo à Fórum. "Sinceramente, isso me desestabilizou", complementou.

Na ocorrência, realizada na 2ª Delegacia de Polícia de Araraquara, o advogado informa que a ameaça ocorreu "após abdicar da defesa do cliente relacionado com a 'Operação Spoofing' da Polícia Federal", em referência a Delgatti.

"Por fim, informa que as ameaças se iniciaram após retorno da reunião com autoridades relacionadas ao governo federal, na capital federal", diz ainda o Boletim de Ocorrência, registrado às 10h32 deste sábado.

Segundo informações divulgada pela revista Veja, na reunião Costa Neto e Zambelli teriam oferecido dinheiro e um contrato na campanha de Bolsonaro para que Delgatti atuasse como "garoto-propaganda" da tese estapafúrdia de Bolsonaro de fraude nas urnas eletrônicas.

“A hora que partiu para essa questão de o Walter afirmar que as urnas podem ser fraudadas aconteceu um mal-estar muito grande. Eu dei opção para o Walter ir embora comigo, disse que isso ia gerar um problema gigantesco para ele, para mim e para várias pessoas. Optei por pegar as minhas coisas e sair”, disse Moreira à Veja.

O rompimento do advogado com Delgatti já havia sido antecipado na Fórum por Luís Costa Pinto, que relatou sobre o acerto financeiro para que o hacker de Araraquara entrasse na campanha de Bolsonaro.

"Ele [Delgatti] estava em um certo desespero para sobreviver e ouviu o canto da sereia lançado para ele pela Carla Zambelli inicialmente, mas também pelo PL, pela estrutura de marketing da campanha do Bolsonaro, e decidiu levar o Walter para dentro da comissão militar que faria o teste de estresse das urnas, usando aquilo que eles acharam que era a reputação de herói, a imagem de heroísmo de Delgatti para a esquerda. Usando isso para submeter as urnas eletrônicas à desconfiança. Eles queriam que o hacker identificasse janelas de fragilidade nas urnas eletrônicas. Mas, eu já sabia que o Walter não é um hacker com grande conhecimento técnico científico operacional sobre funcionamento de sistemas. Walter é um hacker do que se chama engenharia social", disse Luis Costa Pinto ao Fórum Café - assista aqui.

A narrativa vai ao encontro do que afirmou Moreira à Veja. "Acho que as urnas são um assunto delicado, não tenho propriedade para falar sobre isso e penso que o Walter também não tem. Não vou compactuar”, disse o advogado, que deixou a defesa de Delgatti.

Segundo a reportagem, Delgatti é visto ainda como "reforço improvável do bolsonarismo" e teria viajado a Brasília para encontrar o presidente sem avisar à Justiça - já que está proibido de deixar Araraquara e de acessar a internet, exceto com autorização judicial.

Assista à entrevista de Walter Delgatti e Ariovaldo Moreira à Fórum antes do rompimento entre os dois.