ASSÉDIO SEXUAL

A apoiadores, Bolsonaro desconversa sobre assédio de Guimarães na Caixa: "pediu afastamento"

O executivo deixou a Caixa Econômica Federal após ser acusado por várias servidoras de assédio sexual, o que detonou mais uma crise no Planalto

A apoiadores, Bolsonaro desconversa sobre assédio de Guimarães na Caixa: "pediu afastamento".Créditos: Isac Nobrega/PR
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O presidente Bolsonaro (PL) falou pela primeira vez sobre o caso do ex-presidente da Caixa Econômica Pedro Guimarães, que deixou a estatal após ser acusado por várias funcionárias de assédio sexual. 

Ao conversar com apoiadores na porta do Palácio do Planalto, Bolsonaro foi suscinto ao tocar no assunto. "Foi afastado o presidente da Caixa, tá respondido? Ou melhor, ele pediu afastamento, tá", declarou o presidente na noite desta segunda-feira (4). 

Antes de Bolsonaro, quem se manifestou sobre o escândalo da Caixa foi vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos). Para Mourão, as pessoas precisam trabalhar dentro do limite, principalmente aqueles que estão em posição de comando. 

"O trabalho de Pedro foi muito bom, a Caixa avançou muito nesses anos. Mas lamentavelmente nessa parte moral ele falhou e falhou feio", disse Hamilton Mourão. 


Funcionárias da Caixa denunciam assédio sexual de Pedro Guimarães 

 

O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, está sendo acusado de assédio sexual por várias funcionárias do banco público. Após se unirem e denunciarem a suposta conduta do chefe máximo da instituição às autoridades, no final do ano passado, o caso está agora nas mãos do Ministério Público Federal (MPF), que o investiga sob sigilo. As informações foram reportadas com exclusividade pelo jornalista Rodrigo Rangel, do portal Metrópoles.

O carioca Pedro Guimarães era um economista com longa carreira em instituições financeiras privadas, até o convite de Jair Bolsonaro, logo após sua eleição, para assumir o gigante estatal de 161 anos, fundado ainda no Império. De lá para cá, Guimarães está cada vez mais presente nas cerimônias, compromissos e transmissões ao vivo pela internet do presidente, que utilizou sua figura especialmente no período da pandemia, por conta dos auxílios pagos pela Caixa aos brasileiros.

Diante das acusações de assédio sexual, por parte de servidoras do banco, sua situação ficou insustentável. Guimarães divulgou uma carta para informar o seu pedido de demissão.

Veja a íntegra da carta de demissão de Pedro Guimarães:

“À população brasileira e, em especial, aos colaboradores e clientes da CAIXA:

A partir de uma avalanche de notícias e informações equivocadas, minha esposa, meus dois filhos, meu casamento de 18 anos e eu fomos atingidos por diversas acusações feitas antes que se possa contrapor um mínimo de argumentos de defesa. É uma situação cruel, injusta, desigual e que será corrigida na hora certa com a força da verdade.

Foi indicada a existência de um inquérito sigiloso instaurado no Ministério Público Federal, objetivando apurar denúncias de casos de assédio sexual, no qual eu seria supostamente investigado. Diante do conteúdo das acusações pessoais, graves e que atingem diretamente a minha imagem, além da de minha família, venho a público me manifestar.


Ao longo dos últimos anos, desde a assunção da Presidência da CAIXA, tenho me dedicado ao desenvolvimento de um trabalho de gestão que prima pela garantia da igualdade de gêneros, tendo como um de seus principais pilares o reconhecimento da relevância da liderança feminina em todos os níveis da empresa, buscando o desenvolvimento de relações respeitosas no ambiente de trabalho e por meio de meritocracia. 

Como resultados diretos, além das muitas premiações recebidas, a CAIXA foi certificada na 6ª edição do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), além também de ter recebido o selo de Melhor Empresa para Trabalhar em 2021 – Great Place To Work®?, por exigir de seus agentes e colaboradores, em todos os níveis, a observância dos pilares Credibilidade, Respeito, Imparcialidade e Orgulho.

Essas são apenas algumas das importantes conquistas realizadas nesse trabalho, sempre pautado pela visão do respeito, da igualdade, da regularidade e da meritocracia, buscando oferecer o melhor resultado para a sociedade brasileira em todas as nossas atividades.

Na atuação como Presidente da CAIXA, sempre me empenhei no combate a toda forma de assédio, repelindo toda e qualquer forma de violência, em quaisquer de suas possíveis configurações. A ascensão profissional sempre decorre, em minha forma de ver, da capacidade e do merecimento, e nunca como qualquer possibilidade de troca de favores ou de pagamento por qualquer vantagem que possa ser oferecida.

As acusações noticiadas não são verdadeiras! Repito: as acusações não são verdadeiras e não refletem a minha postura profissional e nem pessoal. Tenho a plena certeza de que estas acusações não se sustentarão ao passar por uma avaliação técnica e isenta.

Todavia, não posso prejudicar a instituição ou o governo sendo um alvo para o rancor político em um ano eleitoral. Se foi o propósito de colaborar que me fez aceitar o honroso desafio de presidir com integridade absoluta a CAIXA, é com o mesmo propósito de colaboração que tenho de me afastar neste momento para não esmorecer o acervo de realizações que não pertence a mim pessoalmente, pertence a toda a equipe que valorosamente pertence à CAIXA e também ao apoio de todos as horas que sempre recebi do Senhor Presidente da República, Jair Bolsonaro.

Junto-me à minha família para me defender das perversidades lançadas contra mim, com o coração tranquilo daqueles que não temem o que não fizeram.

Por fim, registro a minha confiança de que a verdade prevalecerá.

Pedro Guimarães”.