ELEIÇÕES 2022

Presidente do Republicanos abandona e Ciro Nogueira e Lira escondem Bolsonaro na campanha

Bispo licenciado da Universal, de Edir Macedo, Marcos Pereira ignorou convenção no Rio. PP do Piauí, de Ciro Nogueira, diz na justiça que apoio de Bolsonaro é "fake news". Em Alagoas, Lira apoia "inimigo" do presidente.

Bolsonaro com Ciro Nogueira, Arthur Lira, Marcos Pereira e Edir Macedo.Créditos: Presidência da República / Twitter Marcos Pereira
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A mazela eleitoral de Jair Bolsonaro (PL) tem afastado até mesmo personagens chaves que realizaram a negociata para adesão do centrão ao governo. Abandonado por setores da sociedade civil - até mesmo por aqueles que apostavam no vale tudo fascista para implantação de políticas neoliberais -, o presidente agora convive com o desdém de aliados que, até então, se mostravam fiéis ao seu discurso de "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos".

Um desses personagens que desembarcou do bolsonarismo recentemente é o ex-bispo da Igreja Universal e presidente do Republicanos - braço político de Edir Macedo -, o deputado Marcos Pereira.

O Republicanos forma a tríade do centrão - juntamente com o PP e o PL - que deu sustentação ao governo Bolsonaro. Escanteado pelo presidente, Pereira nem mesmo esteve na convenção do PL no último domingo, quando foi homologada a candidatura do presidente à reeleição.

Segundo o jornal O Globo, Pereira foi excluído das reuniões de campanha. A mágoa teria se aprofundado após Bolsonaro mandar Damares Alves, ex-ministra da Família, Mulher e Direitos Humanos Damares Alves, filiada ao Republicanos, desistir da candidauta ao Senado pelo Distrito Federal para dar lugar a Flávia Arruda (PL), esposa do ex-governador José Roberto Arruda, que foi preso por tentativa de suborno.

Além do bispo licenciado, Bolsonaro também vem sendo escondido da campanha nos estados pelos dois principais aliados: o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, presidente do PP, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Ambos são do Nordeste, região onde Bolsonaro já teria jogado a toalha devido às pesquisas, que mostram Lula (PT) com cerca de 60% das intenções de votos.

Segundo reportagem de Julia Affonso e Daniel Weterman, no Estadão nesta sexta-feira (29), no Piauí, reduto de Ciro Nogueira, o  diretório estadual do Progressistas acionou o Tribunal Regional Eleitoral para tentar proibir a circulação de imagens de seus candidatos ao lado do presidente.

Na justificativa, o partido de Ciro Nogueira diz que Bolsonaro “possui altíssimo índice de rejeição em pesquisas mais recentes” e que o material que circula no WhatsApp dos seus candidatos ao lado do presidente é “fake news”. 

O partido é presidido no estado por Júlio Arcoverde, que busca um mandato de deputado federal. Ele foi escolhido por Nogueira, que empregou o filho dele no gabinete no Senado - hoje a cargo da mãe, Eliane e Silva Nogueira Lima.

Em Alagoas, o presidente da Câmara busca a reeleição com "santinhos" em que não menciona Bolsonaro: “Arthur Lira é foda”, diz a propaganda, ignorando o aliado do Planalto.

Lira apoia o senador licenciado Rodrigo Cunha (União Brasil) ao governo de Alagoas. O político é considerado "inimigo" pelo presidente desde 1999, quando o então deputado Bolsonaro votou contra a cassação de um colega que mandou matar a mãe de Cunha e saiu em defesa do mandante do crime político.