Assessores do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro pediram demissão de seus cargos pela insistência dele em manter os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos dentro de seu gabinete na pasta. A informação é do relatório final da Controladoria-Geral da União (CGU) sobre supostas irregularidades na gestão de Ribeiro na pasta.
A repórter Thais Arbex, que teve acesso exclusivo ao documento, relata que assessores do gabinete de Ribeiro chegaram a relatar, “em tom de desabafo”, que alertaram o ministro, por diversas vezes, em relação “ao perigo” que a atuação dos pastores trazia para a imagem do ministro e do próprio MEC.
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As ações adotadas pelo então ministro com relação aos pastores foram contrárias ao que foi recomendado, de acordo com a CGU.
Relatório desmente entrevista
O relatório cita ainda uma entrevista de Milton Ribeiro à CNN, em março. O documento avisa que as declarações do então ministro sobre ter sido orientado pela própria CGU a seguir recebendo os pastores para que eles não desconfiassem da apuração aberta pelo órgão “suscitam dúvidas quanto à sua veracidade”.
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O órgão diz também que “não houve qualquer preocupação por parte do ministro com a imagem do MEC na manutenção (e, de certo modo, intensificação) dessa proximidade com a dupla de reverendos”.
Albério Júnio Rodrigues de Lima, então assessor do gabinete de Ribeiro, relatou à CGU que, por também ser evangélico, ficou encarregado de atender os pastores no gabinete do ministro.
“Desde então, passou a alertar o ministro quanto ao comportamento ‘estranho’ da dupla e a frequência inusual e desarrazoada com que compareciam àquela repartição pública”, diz o documento da CGU.
"Vivendo no MEC"
Albério revelou que o pastor Arilton estava ‘vivendo’ no MEC e a sua presença no gabinete era tão frequente que chegava ao ponto de atrapalhar os assessores a despachar assuntos técnicos com o ministro. Seu relato foi confirmado por outros funcionários da pasta, entre eles Marcelo Mendonça, chefe da assessoria para assuntos parlamentares, e Mychelle Rodrigues de Souza Braga, chefe da assessoria de agenda do gabinete do ministro.
Albério Júnio Rodrigues de Lima e Juliana Gonçalves Melo, também assessora do gabinete do ministro à época, disseram à CGU que o episódio contribuiu para que eles pedissem demissão do Ministério da Educação.
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