No lançamento das diretrizes de seu programa de governo nesta terça-feira (21), Lula (PT) trouxe a tentativa de privatização da Petrobras por Jair Bolsonaro (PL) para o centro do debate eleitoral e disse que, se eleito presidente, vai reconstruir o Brasil e salvar a estatal do desmonte que começou com Michel Temer (MDB) em uma série de vendas de subsidiárias e desmantelamento da indústria petroquímica do país.
"Ele faz muita bravata e mantém o preço alto [dos combustíveis] porque ele não quer brigar com os acionistas que são os que ficam com o lucro que a Petrobras está tendo, que é exorbitante. Nada para o reinvestimento, nada para melhorar a vida do povo e tudo para os acionistas, que estão recebendo dividendos que demorou muitos anos para receber no nosso governo. Porque nossa prioridade não eram só os acionistas, era a Petrobras se transformar em uma grande empresa, não de petróleo, mas de energia. Eles estão desmontando isso e vão tentar criar todas as confusões possíveis para ver se eles conseguem propor a privatização da Petrobras quem sabe ainda este ano, como fizeram da forma mais vergonhosa possível o processo de privatização da Eletrobras. Então, precisamos de um processo de reconstrução do país", disse Lula.
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Lula afirmou ainda que Bolsonaro busca "diturnamente jogar a responsabilidade da incapacidade dele em cima dos outros", em relação aos ataques do presidente à Petrobras, e lembrou como foi adotada paridade de preços internacional pela estatal.
"Quando o Pedro Parente adotou a PPI, ele não levou para o Congresso Nacional, não foi numa conferência da ONU, não foi no Senado. Foi uma decisão do presidente da Petrobras, certamente ouvindo o Conselho da Petrobras - se é que ouviu. E tomou a decisão. Da mesma forma tomaram a decisão de privatizar a BR [Distribuidora] dizendo que era para ter mais competitividade e quanto mais competitividade mais o preço do combustível iria parar. E o preço do combustível na verdade não parou de subir. Significa que algo está muito errado nesse país", afirmou.
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Em seguida, Lula disse que Bolsonaro poderia em "uma canetada obrigar o presidente da Petrobras a reduzir o preço".
"Ele poderia ouvir o Conselho [de Administração] da Petrobras e reduzir o preço. Se ele tivesse qualquer dúvida, ele poderia ouvir o Conselho Nacional de Política Energética, o Conselho e o presidente da Petrobras e tomar a decisão de que é preciso reduzir em benefício da sociedade brasileira. Mas, não", emendou - assista o vídeo abaixo.
O evento ainda marcou o lançamento da plataforma virtual para consulta e que também vai receber contribuições de diversos setores da sociedade - acesse aqui.
Autossuficiência e retomada de investimentos no refino e distribuição
Entre as 121 diretrizes da primeira versão do programa de um eventual futuro governo, Lula (PT) e seu vice, Geraldo Alckmin (PSDB), pregam um fortalecimento da Petrobras, que vai mirar "seu plano estratégico e de investimentos orientados para a segurança energética, a autossuficiência nacional em petróleo e derivados, a garantia do abastecimento de combustíveis no país".
Segundo o documento, a estatal brasileira voltará a ser "uma empresa integrada de energia, investindo em exploração, produção, refino e distribuição", retomando seus trabalhos também "nos segmentos que se conectam à transição ecológica e energética, como gás, fertilizantes, biocombustíveis e energias renováveis".
Leia a íntegra das diretrizes do programa e assista ao discurso de Lula abaixo - a partir de 1 hora e 14 minutos.