CINISMO EM DOSES CAVALARES

Em meio a revolta mundial com mortes na Amazônia, Bolsonaro fala de ‘Top Gun’

Presidente reforça a imagem de bárbaro, sádico e desprezível ao fazer gracejos sobre filme miliar e bajular a Aeronáutica brasileira enquanto planeta repercute crime bárbaro cometido contra jornalista e indianista

Créditos: Agência Brasil e Divulgação
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Enquanto o mundo repercute a confissão de um criminoso que atuava na região do Vale do Javari, na selva Amazônica, que assumiu ter assassinado o jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira, que era funcionário da Funai, junto com outras figuras que atuam na ilegalidade em pleno território brasileiro e com o aval e “simpatia” de seu governo, Jair Bolsonaro não fala uma palavra nas redes sobre o brutal duplo homicídio e aproveita para debochar do país e da comunidade internacional, fazendo postagens sobre o filme norte-americano Top Gun: Maverick e elogiando a Força Aérea Brasileira.

“Top Gun Maverick: 10... Top Guns da vida real da nossa gloriosa Força Aérea Brasileira, sob o comando do Brigadeiro Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior, sempre a postos para proteger nosso espaço aéreo e o nosso Brasil. Junte-se à FAB!”, escreveu o líder de extrema-direita em seu perfil oficial no Twitter, ao passo que as críticas vindas de todos os cantos do Brasil e do exterior cada vez mais apontam seu governo como uma gestão que fomenta grupos criminosos como o que assassinou Phillips e Pereira.

Reação no mundo

A confissão de autoria dos assassinatos do jornalista britânico Dom Philips e do indigenista Bruno Pereira por um dos homens presos pela Polícia Federal, ocorrido na região do município de Atalaia do Norte (AM), na selva amazônica, repercutiu mundo afora e devastou ainda mais a imagem do Brasil na comunidade internacional.

Já isolado no cenário das relações exteriores, o episódio macabro descortinou nos quatro cantos da Terra a necropolítica do governo de Jair Bolsonaro, um declarado apoiador de atividades ilegais e criminosas na Amazônia e que ainda culpou as vítimas, com declarações descabidas e ultrajantes, pela violência sofrida.

Na Europa, o caso da confirmação da morte de Dom e Bruno foi manchete no Le Soleil, no Ouest-France e na rede France24, da França, no The Guardian, no Daily Mirror, no Independent e na BBC, do Reino Unido, no Zeit e na Deutsche Welle, da Alemanha, no Il Post e na AGI, na Itália, na RSI da Suíça e no El País e no La Vanguardia, da Espanha. Já na América Latina, o destaque foi dado pelo Clarín e no La Nación, da Argentina, enquanto nos EUA a notícia foi propagada em vários veículos, como o Washington Post, a CBS News, o Los Angeles Times e o New York Post.

A France24 lembrou no que se converteu a região amazônica com a política de apoio a grupos organizados promovidas pelo atual governo, dizendo que a floresta “tornou-se, nos últimos anos, um eixo estratégico para as quadrilhas de narcotraficantes que transportam por via fluvial cocaína ou maconha produzida nos países vizinhos do Brasil, em particular Colômbia e Peru”, e repetiu ainda as palavras inacreditáveis de Jair Bolsonaro jogando a culpa do terrífico caso no jornalista britânico Dom Phillips, que para o presidente estava em risco porque havia escrito "muitas matérias contra garimpeiros, sobre o meio ambiente”.