A confissão de autoria dos assassinatos do jornalista britânico Dom Philips e do indigenista Bruno Pereira por um dos homens presos pela Polícia Federal, ocorrido na região do município de Atalaia do Norte (AM), na selva amazônica, repercutiu mundo afora e devastou ainda mais a imagem do Brasil na comunidade internacional.
Já isolado no cenário das relações exteriores, o episódio macabro descortinou nos quatro cantos da Terra a necropolítica do governo de Jair Bolsonaro, um declarado apoiador de atividades ilegais e criminosas na Amazônia e que ainda culpou as vítimas, com declarações descabidas e ultrajantes, pela violência sofrida.
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Na Europa, o caso da confirmação da morte de Dom e Bruno foi manchete no Le Soleil, no Ouest-France e na rede France24, da França, no The Guardian, no Daily Mirror, no Independent e na BBC, do Reino Unido, no Zeit e na Deutsche Welle, da Alemanha, no Il Post e na AGI, na Itália, na RSI da Suíça e no El País e no La Vanguardia, da Espanha. Já na América Latina, o destaque foi dado pelo Clarín e no La Nación, da Argentina, enquanto nos EUA a notícia foi propagada em vários veículos, como o Washington Post, a CBS News, o Los Angeles Times e o New York Post.
A France24 lembrou no que se converteu a região amazônica com a política de apoio a grupos organizados promovidas pelo atual governo, dizendo que a floresta “tornou-se, nos últimos anos, um eixo estratégico para as quadrilhas de narcotraficantes que transportam por via fluvial cocaína ou maconha produzida nos países vizinhos do Brasil, em particular Colômbia e Peru”, e repetiu ainda as palavras inacreditáveis de Jair Bolsonaro jogando a culpa do terrífico caso no jornalista britânico Dom Phillips, que para o presidente estava em risco porque havia escrito "muitas matérias contra garimpeiros, sobre o meio ambiente”.
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A Agenzia Giornalistica Italia (AGI) reportou, ainda sobre o caso de Dom Phillips e Bruno Pereira, que era necessário contextualizar que “o presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro, que é a favor da mineração e exploração agrícola de reservas indígenas na Amazônia, tem sido duramente criticado por descrever a expedição de homens como uma aventura desagradável”. O veículo italiano mostrou também a reação do ex-presidente Lula, que disse ser tudo “muito triste”, de maneira diametralmente oposta às declarações do atual mandatário.
O Washington Post salientou as palavras duras e desumanas do presidente brasileiro extremista, que mesmo diante do drama preferiu dizer que “naquela região, se mataram os dois, espero que não, eles estão na água e vai sobrar pouco na água, os peixes comem, e não sei se tem piranha lá no Javari”, repetindo ainda as agressivas declarações sobre Phillips ter feito matérias que denunciam o crime organizado na área amazônica.