Em ato marcado por muita emoção no lançamento do livro que reúne parte das milhares de cartas que recebeu quando estava na prisão em Curitiba, Lula (PT) disse que não tem idade para ter medo e conclamou os brasileiros a derrotarem o fascismo nas eleições de outubro.
"Um país que tem sentimento de fraternidade e solidariedade não pode ter medo de nada. Eu não tenho idade para ter medo. Nós iremos juntos derrotar o fascismo e recuperar a democracia nesse país", afirmou no evento que aconteceu no Teatro da Universidade Católica de São Paulo, o Tuca, na noite desta terça-feira (31).
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Junto com artistas, que leram algumas das cartas que foram compiladas para a obra, organizada pela francesa Maud Chirio e editada pela Boitempo, Lula falou da importância da educação para barrar novas aventuras autoritárias no país.
“Tem uma coisa na minha cabeça mais forte do que eu já vivi em qualquer outro momento. Primeiro estou mais consciente, segundo estou mais maduro, terceiro, tenho consciência de que é possível fazer mais do que eu fiz porque estou mais esperto do que eu era. (…) Colocar mais jovens para estudar não é uma opção, é uma necessidade desse país. Nenhum país do mundo consegui ser independente, rico e soberano sem investir na educação. A ignorância não gera um estadista, gera um Bolsonaro”.
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Emoção na prisão
Lula ainda falou da "injeção de ânimo" que recebia quando chegavam cartas durante os 580 dias em que esteve preso injustamente na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. No total, foram mais de 25 mil mensagens recebidas pelo ex-presidente no período.
"Toda vez que eu recebia uma carta na prisão era uma injeção de ânimo, significava que o meu sacrifício era válido. Essas cartas me davam certeza de que eu estava do lado certo da história e que o que eu dizia era verdade".
O evento de lançamento contou com leitura feita pelos próprios autores das cartas e por artistas como Denise Fraga, Zélia Duncan, Camila Pitanga, Celso Frateschi, Grace Passô, Cida Moreira, Cleo Pires, Débora Duboc e Gustavo Novo.
Um dos momentos de muita emoção foi quando o potiguar Lucas Ribeiro leu sua carta. De uma família de 18 irmãos, dos quais 11 morreram entre oito meses e dois anos de idade por desnutrição infantil, a família viveu limitações para sobreviver, mas ele rompeu a fronteira da pobreza, como tantos conseguiram durantes os governos petistas, e foi à universidade. Hoje tem carro e casa própria, adquirida pelo Minha Casa Minha Vida.
“Associo o teu cárcere político à sublime “ausência de mãe à mesa” porque sinto tua paciência, tua sabedoria em aceitar sem odiar os teus algozes da mesma forma que mãe renunciava o direito de se alimentar sem desespero ou revolta. Eu, aquele Zé Ninguém, o famoso “Zé Roela” lá do interior, teve oportunidade de comprar um apartamento pelo MCMV. (…) Obrigado Lula, por existir e provar que um torneiro mecânico e uma mulher podem sim chegar lá e fazerem a diferença. Isso nos motiva a lutar. As sementes plantadas por vocês são como rama de batatas ao solo, uma vez plantadas nunca mais conseguiremos elimina-las, elas sempre renascem”, leu Lucas Ribeiro.
Assista ao ato na íntegra