O jornal O Globo publicou entrevista nesta quinta-feira (26) com Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo e atual pré-candidato do PT ao governo do estado. Ao longo da conversa, foram várias as tentativas de confrontar o ex-prefeito, inúmeras cascas de banana para tentar desequilibra-lo.
Haddad não fugiu das perguntas. No final das contas, o que era pra ser um desabono acabou por se tornar uma peça de campanha, em que o pré-candidato esclarece vários pontos fundamentais como a relação do PT com o PSB, Márcio França e a pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sua liderança nas pesquisas e seu índice de rejeição.
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Ciclovias
Além disso, Haddad colocou na mesa várias questões que suscitaram inúmeras críticas na época em que foram implantadas e, posteriormente, se mostraram acertadas, como as ciclovias na capital paulista. “Eu lembro de gente falando ‘mas o relevo de São Paulo é impróprio para ciclovia, ninguém anda de bicicleta’. Hoje, há milhares de garotos de bicicleta como entregadores de aplicativo. Como estaria esse povo se não fosse a malha cicloviária?”, pergunta o ex-prefeito.
Redução de velocidade
Com relação à redução da velocidade nas vias públicas, outra medida que causou polêmica na época, o ex-prefeito lembra que “o número de acidentes caiu 50% e melhorou o trânsito, segundo dados oficiais”. Haddad diz ainda ter ficado impressionado com a falta de apoio da imprensa. “A imprensa, que se apresenta como arauto da modernidade, poderia pegar as práticas internacionais. Em qualquer lugar do mundo, o Haddad seria considerado um prefeito visionário. E aqui no Brasil ele só recebe crítica da imprensa. Eram todos os veículos de imprensa querendo impedir a chegada da modernidade a São Paulo. Resolvi fazer o que era certo e esperar o tempo me dar ou não razão. Brigar com o prefeito que faz faixa de ônibus, ciclovia e reduz a velocidade? Até hoje tenho dificuldade de entender porque fizeram isso comigo. Era por causa do PT?”
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Corrupção
Já com relação aos casos de corrupção envolvendo o PT, o pré-candidato lembra que os governos que tiveram o partido à frente fortaleceram a legislação e os órgãos de combate à corrupção. “Esse é o julgamento que eu faço. O Bolsonaro enfraqueceu tudo: a legislação e os órgãos. O PT fortaleceu tudo. Isso o próprio ex-juiz Sergio Moro reconhece numa sentença condenatória”, lembra.
Haddad diz ainda não importar se as medidas se voltaram conta o partido. “Fez o certo: delação premiada, lei anticorrupção, leniência e Controladoria-Geral da União com status de ministério, independência da Polícia Federal e autonomia do Ministério Público”, recorda. “Quem está disposto a fazer lambança não fortalece órgãos de controle”, afirma.
Segurança pública
Já com relação à segurança pública, ele defendeu o uso de câmeras nos uniformes dos policiais, mas foi além. “Nós precisamos de um plano de metas, fazer uma hierarquia dos crimes, do mais grave ao menos grave. E metas de redução da criminalidade e resolutividade dos crimes. Temos de associar isso à valorização profissional do trabalhador em segurança, tanto militar quanto civil.”
Sobre a possibilidade do presidente Jair Bolsonaro (PL) vir a perder a próxima eleição, Haddad alertou para um dos maiores trunfos de sua gestão enquanto ministro da Educação: “vai espernear, mas ele não tem condições externas e internas de manter um regime de força aqui. Até porque são oito milhões de universitários hoje no Brasil. No golpe de 1964, eram 200 mil e, em geral, da elite. Hoje tem uma massa crítica na universidade de outra natureza”. O ex-prefeito ainda pergunta: “ele vai conflagrar o Brasil? A democracia vai ser defendida com unhas e dentes. Ele vai fazer o que o Trump fez, piorado. Se nos Estados Unidos, onde a democracia é mais consolidada, houve cinco mortes, aqui pode ser pior. Mas não vai ser bem-sucedido. Não vai acontecer o mesmo de 1964”.
O principal adversário
Ao final, perguntado qual será seu principal adversário, se Tarcísio Freitas ou o governador Rodrigo Garcia, ele soltou: “Rodrigo Garcia é tão tucano quanto o Tarcísio é paulista. Não existe isso. O Rodrigo nunca foi tucano. Sempre foi linha auxiliar dos tucanos porque eles ganhavam eleição. E o Tarcísio nunca foi paulista, nunca morou em São Paulo. O Tarcísio vai tentar o voto bolsonarista mais cego. Não sei qual é a estratégia do Rodrigo. Até porque ele é um ser em construção. Não sabemos o que quer ser quando crescer”.
Com informações do Globo