O clima de terror levado ao Planalto pelo clã presidencial agora paira sobre o Comitê de Ética da Câmara dos Deputados. Apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), todos os três deputados sorteados se negaram a assumir o processo que pode resultar na cassação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pelos ataques desferidos contra a jornalista Miriam Leitão, da Globo.
O processo foi aberto a partir de representações protocoladas pelo PT, PCdoB, PSOL e Rede pela postura do filho 03 de Bolsonaro que fez "apologia à tortura e à ditadura militar, numa postura de intolerância e ódio dentre tantos que vem pautando a trajetória política do deputado".
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No entanto, os deputados Mauro Lopes e Pinheirinho, ambos do PP de Minas, e Vanda Milani, do PROS do Acre, se negaram a assumir a relatoria do processo.
Lopes, que é amigo de Eduardo, alegou suspeição. Mas, a alegação do deputado é justamente por ter nascido na cidade de Entre Folhas, vizinha à Caratinga, onde Miriam tem sua origem.
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Vanda pediu a retirada de seu nome da relação por, segundo ela, já concorrer a outras quatro relatorias. E Pinheirinho nem justificativa apresentou.
Presidente do conselho, Paulo Azi sorteou Adolfo Viana (PSDB-BA), Hiran Gonçalves (PP-RR) e Tiago Mitraud (Novo-MG), que terão até a próxima semana para decidirem se aceitam ou não relatar a ação.
Relembre o caso
No início de abril, Eduardo Bolsonaro atacou a jornalista Míriam Leitão em razão de um artigo em que a colunista de O Globo aponta que o ex-presidente Lula (PT) não pode ser igualado ao presidente Jair Bolsonaro (PT) por ter atuado devidamente como um líder democrático. O deputado reagiu debochando da tortura sofrida pela jornalista, reforçando o caráter fascista do clã Bolsonaro.
"Ainda com pena da cobra", escreveu Eduardo em seu perfil oficial no Twitter. A postagem faz referência à tortura sofrida pro Míriam Leitão durante a ditadura militar. Grávida, a jornalista foi colocada nua em um quarto escuro junto com uma cobra jiboia.
A postagem repugnante veio após Míriam publicar o artigo "Única via possível é a democracia". " Como escrevi neste espaço em maio de 2021, não há dois extremistas na disputa, mas apenas um, Jair Bolsonaro. Semana passada, novamente, Bolsonaro provou que ele é um perigo para a democracia", disse.