GOVERNO BOLSONARO

Memes e deboche: Malafaia revela estratégia eleitoral e ironiza "salário" do Papa

Em entrevista à Veja, Malafaia fez questão de mostrar influência sobre Bolsonaro e revelou que deu ordem para demissão de Milton Ribeiro do MEC: "falei: 'Demite, quebra tudo, tá demorando muito para agir'"

Silas Malafaia e Jair Bolsonaro.Créditos: Reprodução/Youtube
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Em entrevista recheada de ironias - "não sou bolsominion" - às páginas amarelas da revista Veja, o pastor Silas Malafaia mostrou sua influência sobre Jair Bolsonaro (PL), dizendo que partiu dele a ordem de demitir o ministro da Educação, o também pastor Milton Ribeiro, diante do esquema de corrupção instalado no FNDE.

Malafaia também revelou, em parte, a estratégia de 10 pastores, incluindo ele, para manipular cerca de 60 milhões de seguidores a manterem o voto em Bolsonaro e ironizou o "salário" do Papa, ao não revelar o seu ganho mensal e o tamanho de sua fortuna, estimada pela Forbes em 150 milhões de dólares.

"Meu amigo, o dia em que o papa e os bispos da Igreja Católica declararem o salário, eu digo o meu", disse ao ser indagado quanto recebe da igreja que fundou e comanda, após dizer que seu patrimônio é "2%" do que divulgou a Forbes - o que daria cerca de 3 milhões de dólares.

Malafaia minimizou o esquema de corrupção das rachadinhas investigado no gabinete de Flávio Bolsonaro dizendo que "tentar colocar a pecha de corrupção no presidente por causa de um filho não vai me convencer".

"Voto no presidente, não no filho dele. Quero saber é se o Bolsonaro fez rachadinha. Isso não foi provado até hoje", afirmou, ignorando que os indícios do esquema com Bolsonaro, que tem prerrogativa de foro privilegiado e é blindado por Augusto Aras, procurador-geral da República.

Memes e deboche

Ao comentar sobre a chamada "pauta moral", que é trabalhada pelos pastores para manter o apoio de evangélicos a Bolsonaro, Malafaia diz que usa participações de políticos progressistas em missas e cultos, como Fernando Haddad e Manuela D'Ávilla em 2018, como memes para provocar deboche.

"[Bolsonaro] sempre se pronunciou abertamente contra aborto, casamento gay, os temas da pauta moral, e nunca carregou uma Bíblia para dentro da igreja, como vi Fernando Haddad e Manuela d’Ávila fazerem. Uma atitude, aliás, do tipo que não cola mais, que leva ao meme e ao deboche em nosso meio", contou.

Malafaia também faz questão de dizer que "falo o tempo todo com Bolsonaro" e contou sobre a ordem que deu ao presidente para demitir Milton Ribeiro da Educação.

"Eram dois pastores sem relevância que agiam por conta própria. Assim que soube, liguei para o presidente e falei: 'Demite, quebra tudo, tá demorando muito para agir'. Tem muito pastor picareta", revelou.