Com orçamento de R$ 137,9 bilhões em 2022 - o maior da União -, o Ministério da Educação virou alvo de uma disputa entre a bancada evangélica e setores do Centrão ligados ao PP e PL após a demissão de Milton Ribeiro, exonerado do comando da pasta após a repercussão do caso de corrupção envolvendo pastores ligados diretamente a Jair Bolsonaro (PL).
Focado no apoio do Centrão e do PL, que o abriga, e nos votos do eleitorado evangélico, Bolsonaro sofre pressão de dois grandes grupos, que querem dominar a educação.
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Após vencer a queda de braço e alçar Sóstenes Cavalcante (União-RJ) à liderança da bancada evangélica na Câmara, o pastor Silas Malafaia agora avança seus tentáculos sobre o MEC.
Horas após a demissão de Ribeiro, Malafaia deu uma entrevista à BBC Brasil em que manda um claro sinal a Bolsonaro sobre a possibilidade de entrega da pasta ao Centrão.
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"Se o presidente fizesse isso, ia ser uma vergonha. Estaria indo contra aquilo tudo que ele falou", afirmou o pastor, que coordenou o fogo-amigo contra Ribeiro.
Em uma das respostas, Malafaia também se negou a "colocar a mão no fogo por Bolsonaro".
"Eu não posso colocar a mão no fogo nem por filho meu. Já disse para você: eu não tenho atributos da divindade de onisciência e onipresença. Eu acredito no presidente. Pelo histórico dele. Por que o presidente iria se sujar com um negócio de dois pastores? Isso aí não tem cabimento. Isso é tentativa do PT de jogar lama no presidente", respondeu, sempre colocando o partido adversário no meio.
Além do polpudo caixa financeiro, Malafaia e a bancada evangélica têm interesse na pasta para a defesa dos "fundamentos do Evangelho e isso é inegociável".
As garras do centrão
Ao comandar o levante evangélico prometendo 60% dos votos do eleitorado a Bolsonaro, Malafaia bate de frente com interesses de figura da mesma estirpe moral, como Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, e Ciro Nogueira, mandatário do PP.
Após dar guarida para Bolsonaro disputar a reeleição, Costa Neto ganhou trânsito no Planalto e quer expandir seus domínios aos moldes de Nogueira, que protagonizou a negociata do Centrão para apoiar - e em seguida dominar - o governo. Corre por fora Marcos Pereira, presidente do Republicanos, que tenta retomar o "prestígio" de Edir Macedo junto a Bolsonaro.
Nos bastidores, o vazamento do caso de corrupção é atribuído ao Centrão e à bancada evangélica, que queriam se livrar do ministro, alçado ao cargo em uma costura direta de Bolsonaro com a Associação Nacional dos Juristas Evangélicos (Anajure) em troca do apoio à indicação de André Mendonça ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Como não havia mais motivo para que Ribeiro fosse mantido no cargo, Centrão e bancada evangélica se uniram para derrubá-lo.
Agora, caberá a Bolsonaro decidir a quem dará o comando do maior orçamento da União. As contas, além das cifras do dinheiro, envolve a negociação de milhões de votos de eleitores evangélicos.