ELEIÇÕES 2022

Luciano Huck diz que Eduardo Leite é o seu candidato à presidência da República

O ex-governador do Rio Grande do Sul foi derrotado nas prévias tucanas, mas ainda tem esperança de se tornar o nome da terceira via

Luciano Huck diz que Eduardo Leite é o seu candidato à presidência da República.Créditos: José Cruz/Agência Brasil
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O apresentador da Rede Globo, Luciano Huck, participou o evento Brazil Conference, organizado pela Universidade de Harvard. Durante a sua fala, Huck declarou que o seu candidato à presidência é Eduardo Leite (PSDB). 

"O meu candidato à presidência está nessa sala", disse Huck durante painel na Brazil Conference. Huck ainda declarou ter esperança de ver o nome de Leite consolidado e de que ele possa discutir um programa político para o Brasil.

Huck também declarou que espera que o pré-candidato à Presidência fuja "arapuca" de não focar em discutir seu programa de governo durante a campanha eleitoral. "Isso me incomoda um pouco no debate eleitoral esse ano, que é só ficar debatendo os conchavos políticos. Não discutimos programa, agenda", disse. 

A declaração de Luciano Huck revela que, mesmo tendo sido derrotado nas prévias tucanas para o ex-governador de São Paulo, João Doria, o nome de Eduardo Leite pode estar consolidado em parcela da elite brasileira, da qual Huck faz parte. 

Eduardo Leite tem apoio da Globo para ser "terceira via" no lugar de Doria

O apoio da Globo ao nome de Eduardo Leite é algo que já vem sendo costurado nos bastidores. Testado com melhor desempenho na saída - igualando por vezes o colega paulista -, Eduardo Leite foi ganhando terreno em meio ao conluio golpista, que reúne desertores do centrão bolsonarista, mídia liberal e uma parcela do empresariado. E ganhou um apoio crucial: da Globo, da família Marinho.

O porta-voz político da família Marinho descarta Doria ao frisar o desempenho pífio na campanha e colocar um limite temporal para a aventura do tucano solitário: junho. E já antecipa a troca.

"Eduardo Leite, por sua vez, terá de aparecer na mesma pesquisa à frente de Doria para poder reivindicar o apoio de seu partido. Se conseguir isso, mesmo tendo deixado o governo do Rio Grande do Sul, terá argumentos para se impor à maioria do partido, que continua sob o controle de Doria. Terá atingido duas das três metas acordadas para a definição do candidato único: estar melhor na pesquisa e ter mais capacidade de aglutinação", diz Merval, que ainda não abandona totalmente o discurso de "voto útil da direita" para Sérgio Moro.
 
No mesmo dia, quando anunciou que estava se descompatibilizando do cargo de governador do Rio Grande do Sul, Leite ganhou entrevista na GloboNews e, no dia seguinte, no Valor. Na manhã desta quinta, seu nome é falado à exaustão por comentaristas da emissora em meio à desistência de Doria.

"Eu não quero dispersar as forças do centro. Há uma conversa entre MDB, União Brasil, PSDB e Cidadania que parece sinalizar que haverá convergência. Não sei se ela vai se confirmar, mas há uma boa expectativa nessa direção", disse Leite ao Valor, um dos palcos ofertados pela Globo para dar vazão ao discurso de unificação.

Na prática, Leite tem todos os atributos que a Globo vê em um candidato ideal do neoliberalismo. Além do discurso econômico entreguista afinado com a emissora, Leite tem uma postura discreta, é "bem educado" - exceto nos ataques desferidos a Lula - e obediente aos mandos e desmandos do status quo financeiro.

É também uma figura jovem, descolada, que passa um ar subjetivo de ser moderno em meio àquilo que é "antigo" na política - representado por Lula e Bolsonaro.