O ex-vereador de Porto Alegre (RS) Valter Nagelstein (PSD) foi condenado nesta quarta-feira (9) por racismo pela 3ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça. Cabe recurso da decisão.
No dia seguinte ao primeiro turno das eleições de 2020, um áudio de Nagelstein vazou, em que ele afirmava que a nova bancada negra de Porto Alegre eram "vereadores sem nenhuma tradição política, sem nenhuma experiência, sem nenhum trabalho e com pouquíssima qualificação formal."
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O áudio enviado a correligionários causou revolta de parte da bancada negra, formada pelas vereadoras Laura Sito (PT), Bruna Rodrigues (PCdoB), Daiana Santos (PCdoB), Karen Santos (PSOL) e o vereador Matheus Gomes (PSOL), que protocolaram um boletim de ocorrência. O inquérito foi aberto, e agora teve a condenação confirmada.
A sentença condena o ex-presidente da Câmara de Porto Alegre a dois anos de prisão em regime aberto, podendo ser substituída por duas penas restritivas de direito consistentes em prestação de serviços à comunidade; e prestação pecuniária de vinte salários mínimos; além da multa cumulativa de vinte dias-multas referente a um salário-mínimo vigente à época do fato.
Primeiro político gaúcho condenado por racismo
Segundo o vereador Matheus Gomes, a vitória é histórica, pois se trata do primeiro político gaúcho condenado pelo crime de racismo. "O recado que fica para o nosso povo é que nem mesmo um homem branco e com poder vai manifestar ofensas racistas e ficar impune", afirmou.
"Valter é um homem branco que integra o que sempre foi considerada a 'elite' de POA. Agora será assim: essa gente vai aprender na marra a nos respeitar! A decisão também mostra a importância da bancada negra: foi essa representatividade que impulsou a reação contra o áudio!", continuou o vereador.
Para a vereadora Laura Sito, a vitória não "é apenas uma conquista da bancada negra". "É vitória da povo negro, que sofre diariamente o racismo estrutural". "Foi mais um caso de um homem branco que não aceita dividir os espaços de poder com aqueles que sempre foram empurrados a estarem à margem da política", disse a parlamentar.