Integrantes da chamada Bancada Negra da Câmara Municipal de Porto Alegre (RS) foram ameaçados de morte, nesta segunda-feira (6). A mensagem de ódio, racista, homofóbica e lesbofóbica foi encaminhada, via e-mail institucional, para quatro vereadoras e um vereador.
O autor dos ataques e da ameaça, além das ofensas contra os parlamentares, menciona armas e descreve a maneira pela qual cumpriria a ameaça. O criminoso afirma, ainda, que mora no Rio de Janeiro e que viajaria para Porto Alegre com uma “passagem só de ida”.
A Bancada Negra da Câmara de Porto Alegre é composta pelas vereadoras Daiana Santos (PCdoB), Karen Santos (PSOL), Bruna Rodrigues (PCdoB), Laura Sito (PT) e pelo vereador Matheus Gomes (PSOL).
Os integrantes da bancada registraram boletim de ocorrência (BO), nesta terça-feira (7), na Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos da Polícia Civil de Porto Alegre.
“Nós não vamos silenciar frente ao crescente ódio e intolerância que tomam conta do Brasil e que tentam cercear a participação democrática dos vereadores negros, negras, LGBTs pelo país. Essa ameaça de morte diz que irão até a Câmara para dar cabo das nossas vidas. É preciso que as instituições responsabilizem, identifiquem essas pessoas e punam para que esses crimes não ocorram. Nós não queremos mártires, nós queremos estar vivos para lutar em defesa do Brasil e de uma sociedade com justiça e igualdade”, declara Laura Sito, após registrar o BO.
A ameaça é assinada por RWA, mas já se tem conhecimento que a assinatura é falsa e que esta mesma pessoa usou as iniciais para ameaçar outros parlamentares.
A Bancada Negra de Porto Alegre suspeita que a autoria seja do grupo de ódio Dogolachan, criado em 2013, e responsável por inúmeras ameaças em 2020.
Confira os parlamentares ameaçados até agora pelo grupo de ódio
Até agora, quatro vereadoras e vereadores de Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR) e Joinville (SC) - Duda Salabert (PDT), Caroline Dartora (PT), Alisson Julio (Novo) e Ana Lúcia Martins (PT), respectivamente -, duas deputadas federais, Talíria Petrone (PSOL) e Carla Zambelli (PSL), a deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP), o ex-deputado Jean Wyllys e a prefeita de Bauru (SP), Suéllen Rosim (Patriota), foram alvos do mesmo grupo, segundo informações de Matheus Moreira, na Folha de S.Paulo.
Esta é a segunda vez este ano que Matheus Gomes recebe ameaça de morte. A primeira chegou ao seu e-mail, depois de um protesto feito pela Bancada Negra durante a execução do hino do Rio Grande do Sul em 1 de janeiro, na cerimônia de posse dos novos vereadores.
“Saber que tem gente que deseja a minha morte por eu ser um jovem parlamentar negro, um questionador do racismo estrutural na capital mais segregada racialmente de todo o país, é angustiante, entristece e também revolta. Não desejo a ninguém ter que ler o que li”, afirma.