O ex-presidente Lula participou nesta quarta-feira (30) da cerimônia de encerramento do Encontro Internacional Democracia e Igualdade, evento que reuniu ex-presidentes e lideranças progressistas da América Latina e da Europa foi organizado pelo Grupo de Puebla com a com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Em seu longo discurso, o ex-presidente comentou sobre diversos temas referentes à economia e à conjuntura política brasileira, como corrupção no governo Bolsonaro, atuação dos militares, retorno da fome e inflação nos alimentos, além de a inserção internacional do Brasil.
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Lula criticou a tentativa de Bolsonaro de tentar tomar os símbolos nacionais e as Forças Armadas. "O papel dos militares não é ficar puxando saco do Bolsonaro. Os militares não têm que ficar puxando o de presidente, eles têm que estar acima das brigas políticas. Bolsonaro não pode falar ‘meus militares'", afirmou Lula.
"Bolsonaro é tão frágil, tão boçal, que ele quer pegar a bandeira brasileira e a camisa da seleção pra dizer 'esse é o meu partido', já que o partido dele não tem hino, não tem manifesto, não tem bandeira. Vamos dizer para Bolsonaro que a bandeira brasileira e as cores verde amarela não são desse fascista, elas pertencem a 213 milhões de brasileiros", declarou Lula.
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Na sequência Lula ergueu uma bandeira do Brasil e disse: "Essa bandeira é nossa, essa bandeira não é deles".
O ex-presidente criticou duramente o aumento da inflação e afirmou que o retorno da fome é resultado da "falta de vergonha na cara" dos integrantes do governo Bolsonaro e prometeu reduzir o preço dos alimentos e da energia. "Esperem, nós vamos voltar. Quando a gente voltar a gente vai tratar de abrasileirar o preços das coisas. Durante 13 anos de governos do PT, o gás de cozinha não aumentou na Petrobras. Hoje um botijão tá 130, 140…", declarou.
Lula afirma que o governo Bolsonaro dolarizou o preço dos combustíveis e que, por isso, tudo está mais caro. A crítica recai principalmente sobre a Política de Preço de Paridade de Importação (PPI), estabelecida desde a gestão de Michel Temer (MDB). Essa orientação ignora o fato de que o Brasil é um país autossuficente em petróleo e beneficia principalmente os acionistas da Petrobras, que embolsaram um lucro recorde em 2020 enquanto a população sofre para conseguir gás de cozinha.
Lula lota universidade
A Concha Acústica Marielle Franco da Uerj ficou lotada em razão da cerimônia. As galerias envolta do local do evento ficarm entupidas de gente. As varandas e janelas do prédio da universidade também foram tomadas de pessoas que queriam ouvir o ex-presidente. Estimativas apontam para algo em torno de 6 mil e 10 mil pessoas presentes.
A atividade teve ainda a presença da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), da vice-presidenta e ministra do Trabalho da Espanha, Yolanda Díaz, dos ex-presidentes Ernesto Samper (Colômbia) e José Luis Zapatero (Espanha) e de diversas lideranças políticas brasileiras e internacionais. O presidente da Argentina, Alberto Fernández, enviou um vídeo saudando o evento. Durante a cerimônia, o reitor da Uerj, Ricardo Lodi, anunciou a renúncia ao posto - ele deve concorrer à Câmara dos Deputados pelo PT nas eleições de outubro.
Debate internacional
Diante da presença massiva de convidados internacionais, o ex-presidente reforçou a defesa da aproximação com países da América Latina. "Hoje a relação comercial do Brasil com a China é três vezes maior do que a com os Estados Unidos. É quase 100 bilhões de dólares. Nossa relação com países da América Latina é tão importante quanto a com países europeus. Os países que podem nos ajudar e crescer são os países da América do Sul. É com eles que a gente pode crescer junto. E nós não precisamos ter fronteira, a nossa fronteira é o desenvolvimento, é o crescimento, é combater a miséria juntos", declarou o petista.
O ex-mandatário ainda pediu o fim da guerra na Ucrânia. "Avisa pro Putin, pro Biden, pro presidente da Ucrania: Parem com essa guerra!", cobrou. Lula ainda voltou a dizer que o Brasil poderia ter um papel importante na construção de acordos de paz e disse o seguinte, em tom bem-humorado: "Essa guerra seria resolvida no Brasil em uma mesa tomando cerveja".
O Jornal da Fórum acompanhou a cerimônia ao vivo, assista: