CORRUPÇÃO NO GOVERNO BOLSONARO

Bolsolão do MEC: Pastor do caso da propina abriu faculdade e editora com R$ 450 mil

Gilmar Santos começou negócios registrando dois CNPJ’s em Goiânia e Aparecida de Goiânia. Ele é um dos acusados de operar um gabinete paralelo subordinado ao ministro Milton Ribeiro, com anuência de Bolsonaro

Ministro Milton Ribeiro e o pastor Gilmar Santos.
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O pastor evangélico Gilmar Santos, um dos acusados de comandar o gabinete paralelo que determinava a distribuição de verbas públicas do Ministério da Educação (MEC), mediante pagamento de propina, num escândalo que trouxe à baila um esquema ilegal e criminoso supostamente operado pelo ministro Milton Ribeiro, com anuência do presidente Jair Bolsonaro, segundo áudios divulgados, abriu duas empresas no valor total de R$ 450 mil neste mês de março.

De acordo com documentos aos quais o portal g1 teve acesso, Santos abriu uma editora e uma faculdade com R$ 350 mil e R$ 100 mil de capitais, respectivamente, em 8 de março, ou seja, duas semanas atrás. O Instituto Teológico Cristo Para Todos (ITCT) foi registrado num endereço do bairro Jardim América, em Goiânia, enquanto a empresa de publicações, sem nome, teve sua sede registrada no município de Aparecida de Goiânia, ambos no estado de Goiás.

No local onde deveria funcionar a faculdade, há um pequeno edifício em construção, bem ao lado da sede da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros de Assembleias de Deus no Brasil (Conimadb). Já no endereço da editora, fora da capital goiana, há uma unidade da Assembleia de Deus Ministério Cristo para Todos. Vizinhos da localidade disseram à reportagem do g1 que jamais viram qualquer atividade relacionada a livros ou jornais na igreja.

Polícia Federal entrou no caso

A Polícia Federal instaurou nesta sexta-feira (25) inquérito para investigar se houve favorecimento ilegal em repasses de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), ligado o Ministério da Educação (MEC). O esquema de corrupção na pasta está sendo chamado de "Bolsolão do MEC".

O inquérito foi instaurado a partir de um pedido da Controladoria-Geral da União (CGU) que, nesta quinta-feira (24) enviou à PF o resultado de uma sindicância interna onde há indícios de supostas fraudes na distribuição de verbas da Educação.

Esse é o primeiro de uma série de inquéritos que a PF deve instaurar nos próximos dias. Um Outro foi autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a pedido da Procuradoria-Geral da República e deve ser aberto pela PF nos próximos dias.