ELEIÇÕES 2022

Boulos: Precisamos de 172 deputados para evitar golpe contra Lula; veja vídeo

Para Boulos, Lula tem uma grande habilidade política, mas "temos uma direita violenta, virulenta, no Brasil, que não tem nenhum constrangimento em dar golpes"

Guilherme Boulos em entrevista ao Fórum Café.Créditos: Reprodução/Youtube
Escrito en POLÍTICA el

Em entrevista ao Fórum Café na manhã desta quinta-feira (24), Guilherme Boulos, pré-candidato do PSOL a deputado federal em São Paulo, afirmou que a meta é eleger no mínimo 172 deputados progressistas para evitar o risco de um novo golpe do Centrão contra Lula (PT), em eventual novo mandato do petista.

"Nós temos que eleger o Lula para tirar o Bolsonaro. Mas, também nós temos que eleger o Congresso com uma força grande da esquerda, senão o Lula vai ficar refém dessa turma. Acho muito difícil a gente ter uma maioria de esquerda no Congresso. Mas, a gente tem que trabalhar, pelo menos, para ter 172 deputados de esquerda - coisa que a gente nunca teve. Por que 172? Porque com 172 a gente bloqueia a faca no pescoço do impeachment. Com 172, o Centrão não pode fazer a chantagem do impeachment. Ai você coloca o debate, a discussão política, em outro patamar, sem faca no pescoço", disse.

Boulos, que pretende com sua candidatura a deputado federal aumentar a bancada do PSOL na Câmara, diz que vai nacionalizar sua campanha para cumprir essa meta.

"Essa meta é factível e vou trabalhar não só aqui em São Paulo, mas ajudando fortalecer bancadas em outros estados, sobretudo do PSOL, mas também candidaturas de esquerda para que a gente possa chegar a esse número na Câmara", disse.

Segundo Boulos, Jair Bolsonaro (PL) levou a relação do governo com o Centrão a um patamar nunca visto desde a redemocratização.

"Todos os governos, desde a redemocratização, tiveram que governar com o Centrão. Tiveram que ter o Centrão em sua base pela composição do Congresso. A esquerda nunca teve maioria - e sempre passou longe. Agora, o Bolsonaro foi além. Não é que ele governa com o Centrão. Ele entregou o governo ao Centrão. Hoje boa parte da capacidade de investimento do orçamento da União foi privatizada em emendas parlamentares".

Semipresidencialismo e o novo golpe

Para Boulos, Lula tem uma grande habilidade política, mas isso não anula as possibilidades de um novo golpe, como a implantação de um regime semipresidencialista, como vem sendo debatido por grupos de direita junto ao empresariado.

"Lula tem muita habilidade política de negociação e isso nunca pode ser desprezado. Lula é alguém com capacidade de agregar rara na política. Mas, ao mesmo tempo, nós temos uma direita violenta, virulenta, no Brasil, que não tem nenhum constrangimento em dar golpes, em respeitar resultado eleitoral", afirmou.

Relembrando outros momentos históricos em que o semipresidencialismo foi debatido, Boulos afirmou que o tema é um "coringa" usado pelas elites para achacar governos de esquerda.

"De tempos em tempos, a elite brasileira tira esse coringa do semipresidencialismo, do parlamentarismo, quando sente que a esquerda pode crescer, que os setores populares podem governar. Vamos ter que rechaçar isso nas ruas, na mobilização da sociedade, na política. Isso é golpe, é armadilha."