Em longa entrevista ao jornal italiano Il Manifesto divulgada nesta terça-feira (15), Lula (PT) detalhou todo o processo pós golpe que levou Jair Bolsonaro (PL) à Presidência e disse que as alcunhas de "mito" e "salvador" foram criadas pela mídia que apoiou o golpe contra Dilma Rousseff (PT).
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"Em um contexto de normalidade democrática, Bolsonaro não teria vencido as eleições. Todas as pesquisas previam minha vitória com grande vantagem. Ele não teria sido eleito se não fossem as circunstâncias excepcionais criadas pelo golpe contra a presidente Dilma Rouseff, a demonização da política democrática, a perseguição ao PT e minha prisão ilegal. Não podemos esquecer que os principais meios de comunicação foram decisivos nesse processo de descumprimento da lei. Lançaram uma feroz campanha de aniquilação contra nós e, ao mesmo tempo, forjaram uma falsa imagem de Bolsonaro como o 'salvador' do país. Inventaram um 'mito' de Bolsonaro que, naquele contexto, iludiu muita gente, inclusive segmentos das classes populares", afirmou Lula, ressaltando que "hoje a situação se inverteu".
"A decepção para o atual governo é enorme, e é ainda maior do que o próprio Bolsonaro, apesar do forte apoio midiático que ele continua tendo", emendou.
Lula ainda falou do "julgamento totalmente político" a que foi submetido por Sergio Moro, atual pré-candidato à Presidência pelo Podemos, que resultou em consequências para a população muito maiores que "meus sentimentos sobre essa injustiça".
"Porque foram os brasileiros que viram a economia desmoronar e perderam seus empregos devido à destruição de grandes empresas e setores inteiros da economia devido à Lava Jato. E são os brasileiros que vivem hoje com a fome, com a miséria e a retirada de direitos. Era exatamente isso que eles queriam, criando falsidades para criminalizar a política e principalmente o PT e Lula", afirmou.
Lula ainda disse que "Moro terá o direito de ser candidato livre, o que me negou em 2018".
"Se ele tem um projeto para o país, que o apresente, desta vez sem se esconder atrás de uma toga. Mas as pessoas não estão interessadas em promessas vazias, porque o que está vazio agora é o prato e a geladeira dos brasileiros".