Flávio Dino, juiz federal de carreira e ex-governador do Maranhão, foi anunciado oficialmente nesta sexta-feira (8) ministro da Justiça do futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Durante os anos da Lava Jato, Dino foi uma espécie de farol orientador da coerência jurídica enquanto o país atravessava um vale-tudo tresloucado nos tribunais, uma verdadeira inquisição alimentada pela grande imprensa. Ele também teve papel fundamental ao fazer contraponto às estrepolias ilegais da administração de Jair Bolsonaro (PL), que saiu distribuindo armas a torto e a direito, incentivando a violência num país já manchado de sangue pela criminalidade
Respeitado jurista, o homem que governou o estado do Maranhão por oito anos, e que saiu do cargo com elevadíssimo índice de popularidade, agora tem duas missões: desinfetar o Palácio do Planalto dos bolsonaristas, que aparelharam a estrutura central do poder federal, e abrir caminho para que, num futuro próximo, eles possam ser responsabilizados pelos absurdos cometidos sob os auspícios de um presidente da República irresponsável.
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Diante do desespero de figuras graúdas do bolsonarismo que ocuparam os postos-chaves no setor de Segurança Pública e de Inteligência, que após quatro anos se consideram detentores desses departamentos, Dino mandou um recado direto ao militar de estimação de Bolsonaro, o ministro-chefe do GSI Augusto Heleno, que se considera uma eminência parda no Planalto: “O GSI não é do general Heleno”, disparou, se referindo ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, órgão incumbido da segurança do chefe de Estado e das atividades de Inteligência e Contrainteligência no Brasil, que sempre passou batido pelo noticiário, mas que se converteu no bunker do golpismo cafona de um governo militarizado até a medula.
É Dino quem está definindo os nomes que comandarão a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF). A primeira foi muito aparelhada e criminosamente moldada por Bolsonaro, mas nada que se compare com a segunda, convertida em guarda pretoriana do radicalismo ultrarreacionário da gestão de extrema direita, a ponto de se meter em ações totalmente fora de suas atribuições e de realizar operações que tentaram impedir que os eleitores de Lula fossem votar no segundo turno do pleito presidencial.
Para além da desratização do Planalto, Dino também terá a tarefa de levantar todas as informações contidas em documentos dessas corporações que comprovem a conduta nada republicana e politizada de seus agentes cooptados pelo bolsonarismo, o que será de fundamental importância para que, no médio prazo, todos aqueles que cometeram esses dantescos arbítrios sejam responsabilizados na Justiça.