Escondido entre os palácios da Alvorada e do Planalto e praticamente sem agenda pública desde que foi derrotado nas urnas, Jair Bolsonaro (PL) tem a última cartada para incitar uma tentativa de golpe nesta quarta-feira (9), quando o Ministério da Defesa divulgará o relatório de fiscalização das Forças Armadas sobre o sistema eletrônico de votação.
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Em nota oficial divulgada na segunda-feira (7), a Defesa, que é comandada pelo ex-comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, confirmou que enviará nesta quarta o relatório ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), presidido pelo ministro Alexandre de Moraes.
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Em princípio, o relatório das Forças Armadas seria divulgado em 30 dias. Mas, com a derrota, Bolsonaro teria forçado a antecipação do resultado da fiscalização dos militares.
Caso haja qualquer indício de que possa ter havido algum tipo de fraude, Bolsonaro deve seguir a estratégia da ala golpista do governo, que tem apoio de dois dos seus filhos: Carlos e Eduardo Bolsonaro, e incitar apoiadores radicais a permanecerem nas ruas, para tentar uma espécie de edição tupiniquim da invasão do Capitólio por trumpistas diante da derrota para Joe Biden.
Em grupos bolsonaristas que não foram bloqueados pelo TSE, há grande expectativa sobre o relatório e, principalmente, sobre a reação de Bolsonaro diante de suposta fraude.
OAB
Na noite desta terça-feira (9), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) enviou ao TSE um relatório da fiscalização feita no sistema de votação, se antecipando aos militares e garantindo que as eleiçõe foram "limpas, transparentes e seguras".
"Na esteira da conclusão evidenciada nas notas públicas pela OAB Nacional, é de se concluir que o respeito à soberania do voto popular foi efetivamente alcançado com sucesso e denúncias infundadas sobre o sistema eleitoral são um desrespeito inaceitável à democracia brasileira", diz o documento.
No entanto, antes mesmo da votação, Bolsonaro já havia dito que confiará somente na fiscalização feita pelos militares nas urnas.
O presidente segue calado e não tem falado nem mesmo com assessores e aliados mais próximos sobre o tema - deixando pairar o suspense e as teorias conspiratórias entre os apoiadores.
Bolsonaro, que nunca escondeu que acredita "que pela democracia não se mudará nada neste país", aposta todas as suas fichadas no relatório das Forças Armadas, a última cartada para dar sobrevida ao golpe que propalou nos quase quatro anos em que esteve na Presidência da República.