Em resposta à “apuração paralela” das eleições articulada pelo Ministério da Defesa e as Forças Armadas, o Tribunal de Contas da União (TCU) se prepara para fazer o que chamou internamente de “fiscalização da fiscalização”. O órgão prepara a estrutura para auditar 4161 urnas no primeiro turno das eleições, que ocorre no próximo dia 2 de outubro. A ideia é seguir os mesmos procedimentos ventilados pelos militares a fim de recolher dados das mesmas 300 seções eleitorais nas quais os militares devem atuar, buscando se antecipar a possíveis questionamentos e contestação de resultados. Os dados recolhidos serão compartilhados com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O TCU divulgou que seu foco será a transparência e a prestação de contas à sociedade. Entre outras coisas, o órgão fará testes amostrais. Em outras palavras, devem comparar os dados de votos dos boletins de urnas com a apuração oficial, feita pelo TSE. O acesso aos boletins de urnas é público e fica disponível nas seções eleitorais ao final da votação.
O Tribunal de Contas da União terá acesso aos dados dos tribunais regionais eleitorais – com a contagem dos boletins de urnas das seções – ao TSE, os mesmos dados desejados pelos dez oficiais das Forças Armadas envolvidos na chamada “contagem paralela”. Ainda que não tenham competência legal e constitucional para auditar o processo eleitoral, pressões políticas vindas do atual governo facilitaram com que as Forças Armadas integrassem, nesse ano, o grupo de entidades e instituições habilitadas para fiscalizar as eleições.
A argumentação do setor diz que busca a melhoria da segurança e transparência, mas acabam absorvidas pelas críticas sem fundamento, vociferações e teorias conspiratórias do atual presidente Jair Bolsonaro (PL) de que o sistema eleitoral seria fraudado. Bolsonaro declarou, após sua vitória em 2018 que se as eleições não fossem fraudadas, ele teria ganho no primeiro turno. Até hoje não apresentou as provas. Recentemente, durante a despedida da rainha Elizabeth II, em Londres, Bolsonaro afirmou a jornalistas que ganhará as eleições deste ano com 60% dos votos no primeiro turno. No entanto, quem parece se aproximar de uma vitória já em 2 de outubro é o seu principal adversário, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
*Com informações do Estadão.