O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu em Brasília, na manhã desta quarta-feira (9), com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), na residência oficial do parlamentar. O petista esteve o tempo todo acompanhado de aliados e membros de sua equipe de transição, entre eles o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) e a presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann.
A reunião entre Lula e Lira impõe ainda mais isolamento para o futuro ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que permanece calado sobre o resultado das eleições e que incentiva os atos golpistas de apoiadores com seu silêncio. O presidente da Câmara é aliado de Bolsonaro, fez campanha para o ainda mandatário e, ao se encontrar com o presidente eleito, passa um recado definitivo de que a escolha das urnas deve ser respeitada.
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A reunião entre Lula, Lira e membros da equipe do petista durou cerca de 2 horas e, segundo relatos de interlocutores, foi marcada por um clima "amistoso" e de "diálogo".
"Hoje me encontrei pela primeira vez com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. O país precisa de diálogo e normalidade", escreveu Lula ao divulgar fotos e vídeo com o parlamentar de Alagoas.
Durante o encontro, Lula e Lira falaram, principalmente, sobre a chamada Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, que visa garantir o pagamento do Auxílio Brasil a R$ 600 no próximo ano - algo que não está previsto no Orçamento enviado por Bolsonaro ao Congresso. O presidente da Câmara, segundo petistas, teria se mostrado disposto a fazer a proposta avançar.
Temas discutidos
À Fórum, o deputado federal José Guimarães (PT-CE), que acompanhou Lula na reunião, revelou que o presidente eleito e sua equipe saíram "satisfeitos" do encontro, e que Lira demonstrou "interesse" em aprovar, ainda no período de transição, projetos de interesse ao novo governo.
"O nosso encontro foi para iniciar o diálogo naquilo que para nós é fundamental, construir a governabilidade para, neste período da transição, nós aprovarmos as matérias de interesse do novo governo, O Lula foi eleito e o Brasil sabe bem dos compromissos que ele assumiu na campanha. Prorrogação do auxílio emergencial, torná-lo permanente, reajuste do salário mínimo acima da inflação, reajuste da merenda escolar, programas que estavam suspensos no ponto de vista do Ministério da Ciência e Tecnologia, educação e saúde, zerar filas das cirurgias eletivas no âmbito do SUS, crédito para o fortalecimento da agricultura familiar e principalmente aumentar, elevar a taxa do investimento público", detalhou Guimarães.
Segundo o deputado, a peça orçamentária enviada por Bolsonaro que tramita na Câmara não permite fazer "absolutamente nada". Ele conta que, na reunião, Lula teria dito: "Se necessário for, a gente se endivida, o país se endivida para atender as demandas da sociedade".
"Lira demonstrou interesse e compromisso em aprovar essas matérias. Conversamos sobre a PEC da Transição, que vai excepcionalizar o tal teto de gastos para poder fazer esse investimento, cuidar do povo brasileiro como esse é o desejo do Lula. Portanto, a PEC será votada, vai começar pelo Senado e depois vai para a Câmara (...) Esse foi o compromisso de Lira e Lula: aprovar até dezembro essas matérias de interesse do pais", atestou José Guimarães.
Outras agendas
Após o encontro com Arthur Lira, Lula se reuniu também com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Ainda nesta quarta-feira (9), o presidente eleito terá reuniõe a presidente do STF, ministra Rosa Weber, e com o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes.