FIM DE FEIRA

Bolsonaro se queixa de espera “aflitiva” até posse de Lula e reclama que não tem mais “poder algum”

Derrotado, Bolsonaro diz que está apenas “batendo ponto” e “esperando o tempo passar”. Para ele, o presidente eleito deveria tomar posse logo depois da vitória

Lula e Bolsonaro.Créditos: Ricardo Stuckert/Cleber Caetano/PR
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Bolsonaro não aguenta mais. Segundo a jornalista Mônica Bergamo, ele se queixou a interlocutores que é “aflitiva” a espera até a posse de Lula e reclama que não tem mais  “poder algum”. Segundo esses interlocutores, Bolsonaro gostaria de entregar o poder já.

Para ele, a lei deveria mudar, e o novo governante deveria tomar posse logo depois de abertas as urnas -mas terá que esperar até  1º de janeiro de 2023. A não ser que renuncie antes. 

Bolsonaro teria reclamado que o presidente que está deixando o cargo já não tem mais poder algum e suas opiniões não têm relevância. A ele restaria, portanto, ficar “batendo ponto” e esperando o tempo passar -mas sequer bater o ponto está batendo, pois não aparece para o trabalho no Planalto desde a derrota. 

Na política estadunidense, essa condição transforma o presidente em fim de mandato num “pato manco”. No Brasil, diz-se que a alguém na condição de Bolsonaro só se serve café frio no palácio.

Apático e deprimido, segundo assessores, Bolsonaro não tem nenhum compromisso na agenda oficial e mandou Mourão receber as cartas credenciais de embaixadores que vão atuar no Brasil, na última quarta-feira (16). Entre os embaixadores que assumirão os cargos no Brasil está o argentino Daniel Scioli, indicado pelo presidente Alberto Fernández, amigo pessoal de Lula, que é considerado inimigo por Bolsonaro.

Mourão classificou a reclusão de Bolsonaro no Palácio da Alvorada como "retiro espiritual" e instou o líder do governo a assumir a derrota para ter chances de liderar a oposição.

No entanto, a cada dia, Bolsonaro aumenta o isolamento. Desde a vitória de Lula, o presidente só esteve no Planalto por duas vezes para se reunir com Paulo Guedes, no dia 31 de Outubro, e para cumprimentar o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), no dia 3 de novembro.

Nos últimos 17 dias, Bolsonaro não teve nenhum compromisso na agenda oficial em 4 deles - sem contar os finais de semana e feriados.

Nos demais, o presidente despachou do Palácio da Alvorada, onde também não compareceu às conversas diárias que tinha com apoiadores.