Escanteado como vice-presidente, o senador eleito general Hamilton Mourão (Republicanos-RS) - que ainda segue como "02" do governo -, voltou a ridicularizar Jair Bolsonaro (PL), que tem se mantido recluso e apático após a derrota para Lula (PT) na disputa presidencial.
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Em entrevista ao Valor Econômico, Mourão mandou o presidente "emergir do retiro espiritual dele", em relação à reclusão pós-eleitoral, e já fala no nome do governador eleito de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), para substituir Bolsonaro como candidato da direita em 2026.
Após falar dos planos de "em 2024 abraçar um bom número de prefeituras, base do sistema político, e ganhar a eleição em 2026", Mourão foi indagado: "Ganhar com Bolsonaro?".
"Com o Bolsonaro ou outro nome. Temos o Tarcísio [de Freitas], que ganhou uma eleição em São Paulo que ninguém esperava que ele ganhasse", afirmou.
Mourão acredita, no entanto, que Bolsonaro deveria liderar a "luta da direita" e cobrou que o presidente saia do casulo.
"O presidente Bolsonaro, quando emergir do retiro espiritual dele, vai compreender que ganhou esse capital. Acho que ele tem que se posicionar no espectro político, trabalhar politicamente. Vai ser a primeira vez desde 1989 que ele não tem mandato. São 33 anos, é uma vida. É ele entender que agora ele terá uma posição dentro do PL, de presidente de honra. Ou seja, aqui em Brasília, articulando, tem todo o capital para voltar muito bem em 2026. Desde que ele saiba explorar bem isso aí", afirmou.
Mourão ainda avisou que não vai assumir o papel do presidente para entregar a faixa presidencial a Lula - "Eu não posso botar aquela faixa, tirar e entregar. Então, se é para dobrar, bonitinho, e entregar para o Lula, pô, qualquer um pode ir ali e entregar" - e afirmou que Bolsonaro perdeu a eleição por causa do negacionismo na pandemia.
"O erro foi no discurso. O cara comprava vacina e falava mal de vacina, pô. Esse discurso aí não foi bom. Isso que prejudicou o presidente".
Alexandre de Moraes
Mourão ainda atacou o Supremo Tribunal Federal (STF) e mirou principalmente o ministro Alexandre de Moraes.
"Vejo que a nossa Suprema Corte avançou além dos limites da cadeira dela, com decisões que não estão de acordo com o devido processo legal. Tem que haver um momento em que nossos ministros entendam que estão ultrapassando. Esse inquérito das Fake News vem desde 2020, não tem prazo, não tem objeto, o Alexandre de Moraes é investigador, denunciador, juiz, é o ofendido. Isso não está correto. É hora de haver uma conversa, e o Senado, que é a Casa que tem a responsabilidade, colocar um freio nisso aí", disse o vice-presidente, que não descartou um pedido de impeachment do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
"Impeachment é a solução mais drástica. Acho que a gente pode começar com uma pressão, de mudança. Por exemplo, colocar mandato. É importante que tenham mandato, afinal eles não foram eleitos para nada e estão tomando decisões como se tivessem sido eleitos".