LIMPANDO AS GAVETAS

Sem agenda, Bolsonaro terceiriza governo para Mourão e resiste em trabalhar no Planalto

Deprimido e apático, Bolsonaro mandou Mourão receber cartas de novos embaixadores. Desde a derrota para Lula, ele foi apenas duas vezes ao Planalto e só tem encontrado membros do governo, com raras exceções.

Jair Bolsonaro.Créditos: Clauber Cleber Caetano/PR
Escrito en POLÍTICA el

Com apenas duas declarações públicas e um encontro - com o governador reeleito do Paraná, Ratinho Jr. (PSD) - a não ser com membros do governo desde que perdeu a eleição para Lula (PT), em 30 de outubro, Jair Bolsonaro (PL) não aparece mais para trabalhar no Palácio do Planalto e, nesta quarta-feira (16), terceirizou um compromisso como presidente para o vice, general Hamilton Mourão (Republicanos-RS).

Querem nos calar! A Fórum precisa de você para pagar processos urgentes. Clique aqui para ajudar

Apático e deprimido, segundo assessores, Bolsonaro não tem nenhum compromisso na agenda oficial e mandou Mourão receber as cartas credenciais de embaixadores que vão atuar no Brasil.

Entre os embaixadores que assumirão os cargos no Brasil está o argentino Daniel Scioli, indicado pelo presidente Alberto Fernández, amigo pessoal de Lula, que é considerado inimigo por Bolsonaro.

Além dele, entregarão as cartas os embaixadores do México, Laura Beatriz Valdés; da Dinamarca, Eva Bisgaard Pedersen; da Finlândia, Johanna Karanko; de Myanmar, Aung Kyaw Zan; e do Nepal, Nirmal Kafle.

Reclusão e apatia

Mourão classificou a reclusão de Bolsonaro no Palácio da Alvorada como "retiro espiritual" e instou o líder do governo a assumir a derrota para ter chances de liderar a oposição.

No entanto, a cada dia, Bolsonaro aumenta o isolamento. Desde a vitória de Lula, o presidente só esteve no Planalto por duas vezes para se reunir com Paulo Guedes, no dia 31 de Outubro, e para cumprimentar o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), no dia 3 de novembro.

Nos últimos 17 dias, Bolsonaro não teve nenhum compromisso na agenda oficial em 4 deles - sem contar os finais de semana e feriados.

Nos demais, o presidente despachou do Palácio da Alvorada, onde também não compareceu às conversas diárias que tinha com apoiadores.