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Fábio Faria recua após negativa de Moraes à ação de Bolsonaro sobre rádios: "Me arrependi"

Acuado, ministro das Comunicações diz que tentou "acordo" com o TSE ao convocar coletiva para fazer denúncia falsa sobre "fraude" em inserções de rádio e que não apoia ideia de adiar eleições

Fabio Wajngarten e Fábio Faria na coletiva sobre "denúncia" contra rádios.Créditos: Reprodução
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O ministro das Comunicações, Fábio Faria, recuou e agora se diz "arrependido" de ter convocado uma entrevista coletiva, na última segunda-feira (24), para alardear uma falsa denúncia de "fraudes" em inserções de rádios, principalmente do Nordeste, no âmbito das propagandas do horário eleitoral gratuito. 

Ao lado de Fabio Wajngarten, um dos principais articuladores do bunker eleitoral de Bolsonaro, Faria havia convocado a imprensa ao Palácio da Alvorada para expor "um fato grave", o de que rádios teriam deixado de veicular 154 mil inserções de Jair Bolsonaro (PL) a menos que as de Lula (PT) nas últimas duas semanas. Na ocasião, o ministro anunciou ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e fez alarde, como se a "denúncia" tivesse potencial de mudar todo o rumo da eleição, às vésperas do segundo turno. 

O presidente do TSE, então, deu prazo de 24 horas para a campanha de Bolsonaro enviar provas consistentes sobre o que estava dizendo. No dia seguinte, a equipe jurídica do presidente enviou ao tribunal um relatório de uma suposta auditoria para comprovar as denúncias. Moraes, entretanto, rejeitou a ação, alegando que os dados são "inconsistentes" e que não servem de provas. 

Além disso, o presidente do TSE pediu ao Ministério Público Eleitoral (MPE) investigação por suposta prática de crime eleitoral por parte da campanha de Bolsonaro por "tentativa de tumultuar o segundo turno do pleito". Depois disso, as próprias rádios vieram à público com provas que desmentem a equipe de Bolsonaro. 

A decisão de Moraes gerou efeito contrário ao esperado pela campanha de Bolsonaro e gerou uma crise na reta final da eleição. Fábio Faria, então, recuou e disse à Folha de S. Paulo nesta sexta-feira (28) que se arrepende de ter convocado jornalistas para expor a "denúncia". 

Segundo ele, a ideia da coletiva de imprensa era tentar um "acordo" com o TSE. O ministro ainda tirou o corpo e culpou o próprio partido de Bolsonaro, o PL, por não fiscalizar as inserções nas rádios. "A falha era do partido, que percebeu o problema tardiamente, e não do tribunal. Como havia pouco tempo para o TSE fazer uma investigação mais aprofundada, eu iniciei um diálogo com o tribunal em torno do assunto", declarou. 

"Me arrependi profundamente de ter participado daquela entrevista coletiva. Se eu soubesse que [a crise] iria escalar, eu não teria entrado no assunto", prosseguiu. 

Faria diz, ainda, que não defende a ideia que começou a ser ventilada na campanha de Bolsonaro a partir da "denúncia" das rádios feita por ele: a de adiar o segundo turno da eleição. 

"Eu fiquei imediatamente contra tudo isso. Fui o primeiro a repudia Isso prejudicaria o presidente Bolsonaro", emenda o ministro das Comunicações.