Cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer criticou os reiterados ataques de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) em missas pelo país. Incitados pelo presidente, os bolsonaristas chegaram invadir a sacristia da basílica velha de Aparecida no dia de Nossa Senhora para cobrar explicações do padre Camilo Júnior, que disse que 12 de Outubro é “dia para se pedir benção e não votos”.
"As celebrações religiosas são invioláveis, não devem ser interrompidas, profanadas ou perturbadas. Estamos diante de um fenômeno de tal ideologização que não se pode falar em pobre, em injustiça ou contra a violência que isso é identificado como tomada de partido. Falar de fome, violência, meio ambiente e justiça social faz parte do discurso social e da doutrina da Igreja", afirmou Scherer.
Te podría interesar
O cardeal também é alvo constantes de apoiadores do presidente e tem respondido classificando os ataques de "fascistas".
"Os regimes fascistas sempre criminalizaram os adversários, com a pretensão de serem um pensamento único. Criminalizaram a liberdade de expressão, manipularam a opinião pública. Há um risco de um certo personalismo do poder, quando não estão mais em evidência a instituição e suas regras, mas sim o salvador da pátria. O Brasil não é ditadura nem império. Pretender que o presidente tenha todos os poderes é compreensão equivocada de democracia", afirmou, em entrevista ao jornal O Globo neste domingo (23).
Te podría interesar
O religioso ainda rebateu as acusações de bolsonaristas que classificam a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e até mesmo o papa Francisco de serem "comunistas".
"É um discurso fora de época. Quem acusa um bispo ou o Papa de comunistas ou não sabe quem são o bispo e o papa ou não sabe o que é comunismo. Tenha a santa paciência!", exclamou o cardeal.