ELEIÇÕES 2022

Entenda achaque de Bolsonaro que obrigou 1 milhão de idosos a votar

Campanha do presidente disparou vídeo que engana os eleitores mais velhos e os induz a votar em sua chapa como forma de prova de vida ao INSS

Entenda achaque de Bolsonaro que obrigou 1 milhão de idosos a votar.Créditos: Antonio Cruz/Agência Brasil
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Projeto de autocrata, o presidente Bolsonaro (PL) se utilizou de um artifício para chantagear a ida de pessoas mais velhas às urnas: no dia 3 fevereiro o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) publicou uma portaria na qual informou que passaria a considerar o comprovante de voto como prova de vida para aposentados e pensionistas. 

A chantagem de Bolsonaro com os mais velhos funcionou, é o que mostra levantamento do Valor Data. De acordo com a pesquisa, a abstenção se manteve acima da que foi registrada no primeiro turno do pleito de 2018 em todas as faixas etárias até os 50 anos. Porém, a abstenção caiu entre os eleitores com até 94 anos. 

Segundo o Valor Data, a abstenção no primeiro turno da Eleição 2022 foi de 20,9%, pouco superior quando comparada com a eleição de 2018 (20,3%). Entre o eleitorado com idade entre 20 e 24 anos, a abstenção cresceu 2,4% pontos percentuais e chegou a 23,3%. 

Por sua vez, entre o eleitorado mais velho o caminho foi inverso. Entre aqueles com idade de 70 a 74 anos, a abstenção caiu 5,8 pontos percentuais, chegando a 38,9%. Cabe lembrar que, nesta faixa etária o eleitor não é mais obrigado a votar. No pleito de 208, a abstenção entre esse público foi 44,7%. 

O levantamento do Valor Data também mostra que a portaria do INSS pode ter sido decisiva pela diminuição da abstenção entre eleitores de 60 a 94 anos e provocado o comparecimento de quase 1 milhão de eleitores mais velhos. 

O estudo também indica que o comprovante como prova de vida pode também ter aumentado até mesmo o eleitorado apto a votar nessa faixa etária, que registrou crescimento acima do eleitorado geral. 

A portaria do INSS não é ilegal, pois, outros documentos como CNH e carteira de trabalho podem ser usados como prova de vida, porém, exigem mais burocracia para serem emitidos. 

No entanto, como as pesquisas de intenção de votos indicavam uma melhor performance de Lula (PT) entre o eleitorado mais velho, a campanha de Bolsonaro produziu um vídeo de maneira ilegal para chantagear o referido público. 

Intitulado Prova de vida", o vídeo diz o seguinte: "Agora é lei. Nessas eleições, você que é aposentado ou pensionista pode fazer sua prova de vida direto das urnas. O governo federal acabou com o deslocamento desnecessário e tornou a sua vida mais fácil. Apenas o seu voto já é suficiente para garantir os benefícios do INSS, para você exercer seu direito à cidadania com menos burocracia. Pelo bem do Brasil, vote 22". 

A então candidata à presidência da República, Simone Tebet (MDB), entrou com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que o vídeo "Prova de vida" fosse retirado do ar. A ministra Cármen Lúcia acatou o pedido. 

Em sua decisão, a ministra afirmou que o vídeo "induz o eleitor a achar que a prova de vida depende do voto em Bolsonaro". "O vídeo em questão apresenta conteúdo produzido para desinformar, pois a mensagem transmitida induz o eleitor a acreditar ser possível realizar a sua prova de vida no INSS por meio do voto no número 22, o que afeta a integridade do processo eleitoral e a própria vontade do eleitor em exercer o seu direito de voto", declarou Cármen Lúcia.