OPINIÃO

Reflexões sobre um partido vitorioso, desafiado a repensar-se – Por Ricardo Berzoini

Em 10 de fevereiro, comemoramos 45 anos de PT, 22 anos da primeira vitória nacional, 8 anos de Lula e 5 de Dilma até o golpe, e 2 anos de Lula 3, depois na nova tentativa de golpe

O ex-ministro Ricardo Berzoini.Créditos: Antonio Cruz/Agência Brasil
Escrito en OPINIÃO el

O texto a seguir foi elaborado por mim, inicialmente. Mas recebeu a contribuição de mais de 20 filiadas e filiados que leram antes desta divulgação e apresentaram aperfeiçoamentos, muitos incorporados e outros ficaram para uma nova etapa. Não é tese de corrente, foi até chamado carinhosamente de “manifesto dos desacorrentados”. É uma contribuição ao debate, com “código-fonte aberto”, ou seja, para ser adendado, suprimido, esculhambado e reciclado. Quem sabe, pode servir como base para algo bem melhor do que ficou. Agradeço a leitura e os comentários que vierem. Optei por assinar pessoalmente, pois seria impossível consultar os que leram e sugeriram, sem adiar ainda mais a divulgação.

25/03/2025

“O Partido dos Trabalhadores surge da necessidade sentida por milhões de brasileiros de intervir na vida social e política do país para transformá-la. A mais importante lição que o trabalhador brasileiro aprendeu em suas lutas é a de que a democracia é uma conquista que, finalmente, ou se constrói pelas suas mãos ou não virá.” - Manifesto de Fundação, 1980

Esse trecho do nosso manifesto é extremamente atual e pedagógico. Explicita, profeticamente, a contradição do PT nos últimos anos. É um ótimo momento para refletir até que ponto mantemos a visão de que há uma democracia ainda não conquistada que conflita com o estágio democrático que vivemos hoje, e que só será viável se rompermos com os limites de organização partidária, entre o eleitoral e de organização de lutas das massas excluídas e exploradas.
Com enorme esforço, o PT conseguiu tornar-se uma referência política de massa e Lula se consolidou como a maior liderança política do país, sendo eleito três vezes Presidente da República, e sendo decisivo para a eleição de Dilma, por duas vezes. Precisaram prendê-lo para evitar a vitória em 2018.
A luta pela redemocratização, na campanha das Diretas e a Constituinte são exemplos da capacidade de impactar o imaginário, mesmo com poucos deputados e nenhum senador. A forte presença no movimento sindical e popular, com debates acalorados nas bases fortaleceu esse sentimento de uma organização de base social maior que sua representação institucional.
Esse impulso gerou a eleição de maiores bancadas, as primeiras gestões municipais e estaduais, e finalmente a eleição de Lula, 22 anos depois da fundação do partido.
Vivemos várias vezes, nos municípios, estados e no governo federal, a contradição da eleição do executivo com minoria no parlamento, seja do PT ou dos aliados programáticos.

No dia 10 de fevereiro passado comemoramos 45 anos de PT, 22 anos da primeira vitória nacional, 8 anos de Lula e 5 de Dilma até o golpe, e dois anos de Lula 3, depois na nova tentativa de golpe.
Nessa caminhada, sofremos processos de cerco político, como o de 2005 a 2012 (AP 470) e o iniciado em 2013, que levou ao golpe contra Dilma, à prisão de Lula e à eleição do pior presidente da história do Brasil. Resistimos e estamos aqui, presidindo a República e tendo presença marcante na política nacional e internacional.

Essa trajetória marcante, que nos orgulha e motiva a continuar lutando, requer muito mais senso de autocrítica e projetos de superação,  para que sigamos em busca de nossos sonhos. Sabemos que o desafio à frente é ainda maior do que tudo o que fizemos até este momento. Como diz a canção de Milton Nascimento, “se muito vale o já feito, mais vale o que será…e o que foi feito é preciso conhecer, para melhor prosseguir”.

Os desafios para o Partido

O PT enfrenta um momento crucial que exige reflexão corajosa e equilibrada. Sua história está intrinsecamente ligada à construção do Brasil contemporâneo, protagonista na luta pela redemocratização, na luta pela Constituinte, e por uma Constituição democrática e razoavelmente justa socialmente , com soberania nacional e na transformação das estruturas socioeconômicas do país pós-Constituinte. A partir da vitória de 2002, nossos governos transformaram o estado brasileiro com as políticas que hoje fazem parte da vida nacional e que até adversários políticos incorporaram nas agendas programáticas. É inegável a consolidação de Lula e do PT, em diferentes proporções no imaginário popular como ideário de um polinômio que podemos projetar como “desenvolvimento socioeconômico, emprego, renda, direitos civis, sociais e ambientais, soberania nacional e identidade cultural nacional”.  Lutamos por reformas mais profundas no arcabouço político nacional, conquistamos o financiamento público de campanhas, mas a lógica de estruturas partidárias burocráticas e centralizadoras, com máquinas pessoalizadas e autoritárias permanece na maioria das vezes. O próprio financiamento público, da forma como é praticado, virou um patrimonialismo de mandatos à revelia de qualquer sombra de democracia partidária.
O PT, por muitas razões, não conseguiu traduzir esse ideário em representação parlamentar nem em força de mobilização popular para sustentar as mudanças estruturais necessárias. Temas cruciais, como a reforma agrária, a redefinição da relação sistema financeiro x sistema tributário x Gestão da dívida pública, a regulação da comunicação social e a reforma da segurança pública e das forças armadas permanecem como desafios. Até mesmo as conquistas e realizações já alcançadas encontram-se sob constante ameaça, pois a balança tênue do poder permite que os “conservadores” bloqueiem e revertam essas políticas, ameaçando até mesmo a frágil democracia institucional.

A pergunta que devemos fazer é: qual a nossa visão de um planejamento político capaz de nos orientar pelas próximas décadas para atingir nossos objetivos estratégicos? Como reorganizar o partido para traduzir as bases de nosso manifesto de fundação.
 Os trabalhadores querem se organizar como força política autônoma. O PT pretende ser uma real expressão política de todos os explorados pelo sistema capitalista. Somos um Partido dos Trabalhadores, não um partido para iludir os trabalhadores. Queremos a política como atividade própria das massas que desejam participar, legal e legitimamente, de todas as decisões da sociedade. O PT quer atuar não apenas nos momentos das eleições, mas, principalmente, no dia-a-dia de todos os trabalhadores, pois só assim será possível construir uma nova forma de democracia, cujas raízes estejam nas organizações de base da sociedade e cujas decisões sejam tomadas pelas maiorias. Queremos, por isso mesmo, um partido amplo e aberto a todos aqueles comprometidos com a causa dos trabalhadores e com o seu programa. Em consequência, queremos construir uma estrutura interna democrática, apoiada em decisões coletivas e cuja direção e programa sejam decididos em suas bases.   Manifesto de Fundação, 1980

É fundamental, para tanto, que o partido tenha uma visão clara do cenário atual e identifique nossas forças e fraquezas e os passos necessários para avançar. O PT reafirma seu compromisso com a construção democrática de uma sociedade justa, buscando um desenvolvimento capaz de superar as brutais desigualdades persistentes no Brasil. Este compromisso continua orientando todas as ações e estratégias do partido. Nosso horizonte socialista materializa-se em agendas que exigem uma estratégia de organização, formação, comunicação e mobilização.
O PT, por ser governo federal em 16 dos últimos 22 anos, que no imaginário popular é um poder enorme, vive a contradição de ser um partido essencial para manter a ordem do estado democrático, e lutar contra a injustíssima ordem econômica e social do Brasil.

E, em coerência com nosso manifesto e nossa experiência prática, é preciso elaborar as diretrizes com a consciência dessa dupla missão, sabendo que as eleições são parte importante da política, mas que um partido da classe trabalhadora deve entender as eleições como parte do acúmulo de forças e até mesmo como métrica de avaliação, nunca uma finalidade em si. A experiência da luta popular mostra que as lideranças nascem das lutas, quase sempre decorrendo de enfrentamentos que influenciam as eleições.
E a principal diretriz é repensar a organização do partido, que acabou reproduzindo, na essência, a tradição da legislação eleitoral, de diretórios nos vários níveis, com rotinas quase sempre burocráticas. Além disso, ao longo dos anos, as tendências internas reproduziram as lógicas dos partidos, um misto de grupo de interesse, área de acomodação e acordos de pequenos poderes.
Ao mesmo tempo, podemos observar que as forças conservadoras e reacionárias, com a ajuda do capital, das igrejas neopentecostais e de outras instituições, estão conseguindo ampliar sua presença no dia a dia das pessoas, fazendo política fora das eleições, mas que tem um peso importante nas eleições. Nosso desafio é planejar essa disputa do cotidiano, nos territórios e nas redes, para organizar os embates sociais que levem às mudanças.

O Cenário Internacional

O cenário mundial está marcado por profunda concentração de riqueza, fome, guerras. e desinformação difundida por meio das redes sociais,  

 Em 2023, segundo a ONU,  733 milhões de pessoas  passavam fome no mundo, uma em cada   onze pessoas; 588 milhões de pessoas padeciam de desnutrição crônica resultado de uma lógica de acumulação cada vez mais predatória das riquezas, de superexploração do trabalho, de redução de direitos. O planeta vive uma crise ambiental sem precedentes, marcada pelo aquecimento global e pela destruição progressiva de todos os biomas. 

O segundo governo de Donald Trump tem início aumentando a insegurança em escala planetária,  ameaçando a paz mundial,  a autodeterminação dos povos e a soberania de vários países por meio de ações militares, realizando a expulsão de milhares de trabalhadores estrangeiros, a exclusão  de diferentes cidadãos comprometendo a liberdade e a garantia dos mais elementares  direitos humanos, negando a crise climática e ambiental.  Pretendendo retomar a liderança industrial em relação à China desencadeia uma guerra comercial apoiada na taxação de países como México, Canadá e China, ao mesmo tempo pretende conter o BRICs e fortalecer a indústria armamentista.

A perspectiva de fortalecimento dos BRICs,  de fortalecimento de  uma ordem internacional multipolar, de defesa da soberania dos povos, de proteção ambiental e enfrentamento da crise   climática, de integração latino-americana social são questões urgentes para as quais o governo Lula tem contribuído muito. A liderança internacional de Lula deve ser fortalecida e o PT deve ter um papel fundamental na articulação dos setores democráticos, progressistas e de esquerda em nível mundial.

O PT e  o Brasil

Para pensar o PT dos próximos 20 a 30 anos, é preciso avaliar o que é o Brasil de 2025. Somos um dos maiores países do mundo em população e território. Somos também uma das dez  maiores economias do planeta (PIB-PPC). E isso estimula muitos de nós a exaltar os grandes números de nossa economia. Mas quando fazemos uma análise mais profunda de nossa situação real, verificamos que nossa economia ainda é excessivamente baseada em produtos de baixo valor agregado, concentrado em monocultura exportadora e minerais, inclusive petróleo. Há exceções, como a Embraer, WEG, Randon, Marcopolo, entre outras. Na área de serviços, crescente na etapa tecnológica que vivemos e viveremos cada vez mais, temos um robusto déficit, se quisermos disputar a vanguarda econômica mundial é produzir ciência e tecnologia em escala muito maior.
Temos uma economia de renda média e muito mal distribuída, como demonstra nosso índice de Gini e outros indicadores de acesso à moradia digna e serviços básicos como saneamento básico, sem falar na quantidade de pessoas vivendo em áreas de risco.

Nossa infraestrutura de transportes é sofrível e nosso parque de energia elétrica só suporta o ritmo atual de crescimento por conta da demanda reprimida pela renda e desigualdade social.
Nossa educação ainda está muito aquém dos direitos  constitucionalmente estabelecidos e das  necessidades para que o país produza o conhecimento necessário para o desenvolvimento em vários campos apesar dos avanços dos governos liderados pelo PT. Nosso mercado de trabalho foi e está sendo atingido duramente pelo tripé automação, desregulamentação e intermediação de plataformas das bigtechs.
Vivemos a contradição de ser um dos maiores exportadores de alimentos e isso ser um fator de encarecimento da comida, quando o mercado mundial está favorável à exportação em detrimento do mercado interno, especialmente dos mais pobres.

Nossa economia está prisioneira, há décadas, do chamado tripé macroeconômico, que limita o orçamento público e legitima o sistema financeiro mais anti social do planeta, além de endividar brutalmente o estado nacional. Temos a maior taxa de juros básica do mundo, o maior spread bancário, entre os 40 países de maiores economias, a maior apropriação pelos juros do orçamento nacional. Se esse quadro permanecer, em poucos anos, teremos uma nova crise fiscal gravíssima, que em eventual governo de direita (mesmo centro direita) irá legitimar medidas ainda mais duras que a reforma da previdência de 2019 e a trabalhista de 2017.
Os desafios são imensos, e não há mais como imaginá-los apenas a partir da disputa de mandatos executivos, fundamentais mas insuficientes. O PT precisa discutir um Plano Estratégico  com  o Brasil,  propondo metas e os meios necessários para atingi-las. Um plano para realizar os potenciais que temos em todas as áreas da economia e deixar de ser um “país do futuro” ou um país de renda média com vergonhosa distribuição.
Trata-se de retomar  e incentivar o debate programático no país tendo como foco um desenvolvimento economicamente sustentável, que promova a justiça social,  a proteção ambiental, o desenvolvimento científico e tecnológico do país, a garantia do direito à educação, os direitos sociais e humanos, a superação do racismo e de todas as formas de discriminação   a partir de padrões  de comunicação que dialoguem com as necessidades das maiorias sociais  nos territórios.  Em um país de proporções continentais, com uma história política complexa e conturbada, e com uma elite ciosa de seus interesses, que mantém essa vergonhosa situação de desigualdade, violência e padrões patrimonialistas de relação com o Estado e a vida   política é preciso fortalecer e enraizar o PT em cada lugar do país para contribuir para a discussão e organização da ação em função das necessidade de todos.

Para executar um programa que mude a realidade nacional na direção de um país   ambientalmente sustentável  e, inspirado pelos valores do  socialismo n é preciso promover um crescimento orgânico da base social do partido, ampliando o contingente de integrantes e  apoiadores com consciência política, com militância capacitada e integrada ao projeto e  plano estratégico para o Brasil com mandatos comprometidos e integrados, e meios de comunicação e formação política sistemáticos, permanentes e  potentes e fortalecimento das instâncias partidárias que podem e devem se organizar para realização de ações que podem e devem ir além dos momentos eleitorais.
Portanto, além de defender e apoiar o governo Lula, que tem limitações decorrentes de questões estruturais e conjunturais, entre as quais a composição do Congresso Nacional, cabe ao PT retomar o debate sobre os rumos do país a longo prazo retomando a elaboração de um diagnóstico e propondo estratégias capazes de encantar e sensibilizar  as novas gerações com a possibilidade de transformação do presente e do futuro, a partir do fortalecimento da democracia para o que o governo Lula 4 será imprescindível.
Para cumprir essa missão, é preciso reorganizar o partido, criando uma sintonia entre as tarefas de curto e médio prazo e a missão de pensar o Brasil  décadas à frente. E, por óbvio, preparar a capacidade de mobilização social (inclusive eleitoral) capaz de assegurar a correlação de forças necessária às mudanças essenciais aos objetivos de longo prazo.
É preciso ter uma análise de qual a realidade do PT em cada segmento social e em cada território do Brasil. Verificar a quantas anda nossa relação com os trabalhadores, se há sindicalismo autêntico, o grau de organização dos trabalhadores nos sindicatos e movimentos sociais, lutas concretas nos territórios e nos segmentos organizados. Qual a situação real do partido em termos de organização, qual a percepção das pessoas sobre a imagem  do PT, quais são as lideranças reais, além dos arranjos de poder dos diretórios e quais as necessidades em termos de planejamento de investimento de recursos materiais e de capacitação política. Analisar onde temos mandatos, de vereador a senador, se esses mandatos operam no fortalecimento do partido ou apenas em sua reprodução.
A partir desse diagnóstico, há que se traçar um plano estratégico (com múltiplas táticas) pensando um fio condutor cronológico que vá de 2025 (com metas para 2026) até, por exemplo, 2050, com vistas a termos a possibilidade de vencer (PT e aliados programáticos) a disputa eleitoral parlamentar.
Insisto: esse plano organizativo só tem sentido como se vinculado a um programa e uma plataforma nacional de desenvolvimento sustentável,  com a demonstração massiva efetiva  de que é preciso investir em ciência, tecnologia e inovação, ampliando as possibilidades de geração de renda, ao mesmo tempo em que promovemos a verdadeira reforma tributária que assegure recursos para a  revolução educacional-tecnológica revertendo a camisa de força orçamentária de hoje, ampliemos rapidamente a infraestrutura de transportes e energia, bem como a infraestrutura social de saneamento, moradia e mobilidade.

O PT Nacional deve comandar a constituição de um comitê nacional, liberado das tarefas partidárias ordinárias (eleitorais e outras), com a missão de coordenar o diagnóstico situacional de cada território (envolvendo a situação social, econômica e ambiental) e cada segmento, com o necessário apoio de comissões regionais (algo como 200 territórios a partir de cidades pólo) e dos segmentos socioeconômicos das cadeias produtivas mais relevantes (estrutura vertical) e propor ao Diretório Nacional as medidas organizativas de cada período, a partir da avaliação sistemática dos objetivos alcançados ou não.
A direção nacional deve organizar um conjunto de ações formativas (virtuais e/ou presenciais) de grande alcance entre os filiados para motivar e impactar a vida cotidiana do partido, e integrando esses filiados não militantes (hoje) a temas e trabalhos no seu redor territorial e segmental.
Essas ações devem se concentrar no projeto de Nação que defendemos, com os temas do desenvolvimento socioeconômico tecnológico, crescimento e distribuição de renda e riqueza, crédito, educação, saúde, cultura, moradia, soberania energética e logística e outros, sempre relacionando esse projeto à necessidade de estratégias econômicas realistas e ousadas, simultaneamente.

É essencial definir metas e procedimentos comuns padronizados, respeitando a realidade cultural local, mas buscando a máxima capacidade de metrificar monitorar e avaliar o diagnóstico e as ações  a cada período.
 A comunicação partidária deve potencializar as informações necessárias a esse esforço de formação, organização e mobilização partidária. O partido terá planos bienais, devidamente metrificados  monitorados e dinamizados para essas metas. O orçamento do partido deve dar prioridade a esse trabalho que, para potencializar seu alcance, deve procurar engajar militantes voluntários, a partir dos saberes de cada um, que integrarão esse grande movimento organizativo. A presença física nas periferias do Brasil, nas áreas rurais e nas diferentes regiões da Amazônia deve estar sintonizada com uma forte mobilização digital, fomentada a partir dos eixos de debate nacional.
A partir da meta geral de aumentar o grau de organização e mobilização para ampliar o alcance de nosso programa, estabeleceremos metas territoriais e segmentais para os temas locais e para os debates de desenvolvimento dos segmentos.
É essencial mudar a relação do PT com seus filiados. Realizar um grande movimento de “busca ativa”, não apenas para votar no PED, mas para que sejam convocados  e motivados a serem parte integrante da organização partidária, sendo convidados frequentemente a dar suas opiniões e deliberar sobre temas cruciais da vida partidária.
Temos mais de 3 milhões de filiados formais. Transformar grande parcela desses em agentes políticos ativos e coordenados pode alterar a capacidade de impactar a política nacional nos próximos  em 2026  e sustentar o programa e o  planejamento a longo prazo, até  2050, e além. Colocar esse contingente, de forma organizada, nas redes, nos locais de trabalho  e nas ruas é essencial.
Esses objetivos demandam uma nova cultura partidária e um novo sistema de planejamento, avaliação, reorientação e construção de  capilaridade. Transformando a formação e a comunicação em instrumentos de organização e mobilização, lembrando sempre que a luta eleitoral é consequência das lutas sociais, para apontarmos um futuro de um país desenvolvido, sustentável em termos ambientais, justo, solidário e soberano com as características de nosso povo e uma política para fortalecer, ampliar   o espaço público e a democracia.


*Ricardo Berzoini foi sindicalista bancário, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo e da Confederação dos Bancários da CUT, foi deputado federal, ministro da Previdência, do Trabalho, da SRI, das Comunicações e da Secretaria de Governo. Foi presidente do PT Nacional de 2005 a 2010.
**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.

 

Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar