LATAM PULSE

Atlas mostra evangélicos cooptados pela ultradireita e alerta sobre preços de alimentos

Índice de rejeição de Lula entre evangélicos vem crescendo desde a eleição de 2022 e alta dos preços nos supermercados é refletida na avaliação do governo pelas classes média e baixa

Lula em reunião com Fernando Haddad, ministro da Fazenda.Créditos: Ricardo Stuckert / PR
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Detalhamento da pesquisa Latam Pulse, realizada em parceria pela Atlas e Bloomberg, mostra a cooptação dos evangélicos pelo discurso da ultradireita e faz um alerta preciso para o governo Lula sobre a questão econômica, em especial a alta dos preços, que podem influenciar diretamente a disputa presidencial em 2026.

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A pesquisa mostra uma deterioração na popularidade do presidente, que passou de 51,2% de aprovação em janeiro de 2024 - no início da série histórica - para 51,4% de desaprovação em um ano, com uma queda mais acentuada a partir de outubro passado.

O recorte mostra que a maior rejeição do presidente está no eleitorado evangélico, que foi cooptado pelo discurso da ultradireita e soma atualmente 80,1% de desaprovação sobre o trabalho do presidente.

Em 27 de outubro de 2022, na última pesquisa Atlas antes do segundo turno das eleições presidenciais, 33,7% dos evangélicos declaravam voto em Lula, enquanto 65,1% diziam que votariam em Bolsonaro - uma diferença de 15 pontos em relação à desaprovação atual do presidente nesse nicho eleitoral.

Em termos comparativos, os evangélicos são o único grupo no recorte sobre religião que rejeita o presidente, puxando os indicadores para baixo.

Entre católicos, Lula é aprovado por 51,9%. Eleitores de outras religiões dão 57,2% de avaliação positiva e "crente sem religião" 56,4%. Entre os agnósticos ou ateus, o índice é praticamente o inverso ao dos evangélicos, com 73,6% de aprovação ao presidente.

Governo e economia

Assim como em relação ao presidente, a avaliação do governo também vem numa curva descendente, atingindo o menor índice de ótimo/bom (37,8%) e o maior de ruim/péssimo (46,5%). Outros 15,6% avaliam como regular.

Nesse tema, além dos evangélicos (72,1% de rejeição), os dados são puxados pelas classes que mais sentem os efeitos das altas dos preços nos alimentos.

Entre os mais pobres, com renda familiar até R$ 2 mil, 51,8% avaliam o governo como ruim ou péssimo. Essa fatia do eleitorado deu 67,6% dos votos a Lula no segundo turno, segundo a pesquisa Atlas realizada às vésperas da eleição.

A classe média também expressa na pesquisa sua insatisfação com os preços dos supermercados: 45,3% dos que ganham entre R$ 2 mil e R$ 3 mil e 49,2% de quem tem renda até R$ 5 mil avaliam o governo como ruim ou péssimo.

A preocupação com os preços dos supermercados é comprovada nas "percepções sobre o desempenho do governo na economia", medida pela mesma pesquisa Latam Pulse, da Atlas.

Segundo o levantamento, 50,2% dos entrevistados se dizem pessimista em relação ao "crescimento econômico do Brasil em 2025", superando os 47,7% de otimistas - 2,21% não sabem.

Disparada, a maior preocupação dos brasileiros é com "preços altos/inflação", que atingiu índice de 75,2%, ante 40,8% com a alta do dólar - que também reflete na alta dos preços.

A preocupação com os preços é refletida em todas as classes, mais chega a 86,8% entre aqueles que têm renda familiar entre R$ 2 mil e R$ 3 mil, superando até mesmo os evangélicos, nicho onde 86,1% demonstram a mesma aflição.

A pesquisa, realizada entre entre 27 e 31 de janeiro, ainda mostra a preocupação dos brasileiros com o efeito Donald Trump.

Antes mesmo do presidente dos EUA anunciar a taxação do aço vendido pelo Brasil, 45,1% dizem ter medo do impacto que as tarifas e políticas econômicas de Trump podem causar no país.

Há menos de dois anos das eleições presidenciais no Brasil, a pesquisa Atlas traz um alerta a Lula, que já anunciou que buscará se reeleger em um cenário, interno e externo, bastante adverso.

Leia a pesquisa na íntegra
 

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