ELEIÇÕES 2024

Expulsão e soco: o detalhe que mostra que ação de Marçal foi premeditada

Vídeo mostra ex-coach fazendo sinal de consentimento ao sócio que desferiu soco logo após Marçal ser expulso de debate no Flow pela mesma provocação mentirosa que havia feito a Ricardo Nunes ao chegar ao local. Assista

Marçal abaixa a cabeça em direção a assessores ao ser expulso e Medina desfere soco em marqueteiro de Nunes.Créditos: Reprodução / Youtube
Escrito en OPINIÃO el

Desde o primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, realizado em 8 de agosto pela Band, Pablo Marçal (PRTB) deu sinais que, distante de apresentar propostas, seu principal objetivo era levar o caos na campanha, com acusações falsas e provocações baratas - vide os apelidos - aos adversários.

Como a Fórum antecipou, Marçal utiliza técnicas de "coach" para desestabilizar emocionalmente adversários e até jornalistas - leia o artigo Desvendando Pablo Marçal: as técnicas de coach e a mentira sobre uso de cocaína.

O objetivo das provocações, de fazer com que os adversários chegassem às vias de fato, foi obtido uma semana depois, no dia 15 de setembro. Após ser chamado de estuprador - com a gíria de cadeia "Jack" - José Luiz Datena (PSDB) desferiu uma cadeirada no ex-coach.

Mas, Marçal exagerou no personagem. As cenas na ambulância e a pulseira verde - para casos sem gravidade - no atendimento no Hospital Sírio Libanês desmascararam a estratégia de vitimização à la Donald Trump e Jair Bolsonaro (PL) do ex-coach, que foi refletida nas pesquisas de intenção de votos.

À medida que o tempo foi avançando, Marçal perdeu o fator "novidade" e seus adversários, por sua vez, aprenderam a lidar com as provocações imaturas - exceto Ricardo Nunes (MDB), como se pode ver na entrada do debate no Flow nesta segunda-feira (23).

No debate do SBT, na sexta-feira (20), Marçal foi totalmente ignorado pelos adversários. A estratégia colocou em xeque a tática dos "cortes" e da "lacração" nas redes do candidato do PRTB, que não escondeu o incômodo.

Premeditado

Com as regras engessadas, assinadas por ele, e sem embates diretos com os adversários, o debate no Flow anulou a estratégia de lacração. Tanto que foi, até agora, o debate que mais teve exposição de propostas.

No entanto, Marçal deixou escapar um detalhe que mostra que toda a ação, da expulsão e do soco, foi premeditada.

Ao chegar à sede do Esporte Clube Sírio, onde ocorreu o debate, Marçal avistou Nunes e iniciou as provocações.

“Vou por você na cadeia em 2025. Tchutchuca do PCC. Vou te investigar, o que você recebeu na conta da sua esposa, a sua filha. Ladrão de merenda. Você vai pra cadeia", atacou o ex-coach - veja o vídeo.

Nunes mordeu a isca, se desestabilizou mais uma vez e retrucou. “Quer roubar até o apelido, tchutchuquinha?”, devolveu. “Seu bandidinho! Seu condenadinho! Mentiroso!”, gritou o candidato "oficial" de Jair Bolsonaro (PL).

O detalhe: Marçal usou a mesma provocação ao final do debate, que motivou a expulsão. Sorteado para ser último a dar as declarações finais, o ex-coach começou chamando Nunes de "Bananinha", mesmo tendo assinado o termo que proibia uso de apelidos pejorativos, e disse que iria mandar a Polícia Federal "prender o prefeito em 2025", caso seja eleito.

Punido duas vezes pelo mediador Carlos Tramontina, Marçal esperou chegar aos 10 segundos finais para repetir o ataque e tomar a terceira advertência, que gerou sua expulsão.

Após segundos de silêncio, o ex-coach voltou a dizer que "a Polícia Federal vai prender o Ricardo Nunes, essa é uma promessa de campanha".

Ao ser expulso por Tramontina, Marçal olhou para os assessores e abaixou a cabeça, em um gesto de consentimento. Imediatamente, o videomaker Nahuel Medina, assessor e sócio do candidato, desfere um soco no rosto de Duda Lima, marqueteiro de Nunes, e sai do local.

Com a expulsão e o soco do assessor, Marçal conquistou as manchetes e ofuscou a participação dos adversários no debate.

Nas redes, o ex-coach fez overposting - uma grande quantidade de publicações em sequência nas redes - para aproveitar o engajamento e tentar impor a narrativa de que Medina teria "reagido" ao marqueteiro de Nunes.

Incitando a violência e, em seguida, buscando se fazer de vítima, Marçal atraiu novamente os holofotes para sua candidatura, que estava em franca decadência.

Após a cadeirada, o ex-coach perdeu bolsonaristas moderados, mas fidelizou extremistas do neofascismo cultivados pelo ex-presidente. Nas redes, Marçal incitou essa horda de seguidores a entrar em uma "guerra" afirmando que "não dá para lidar de outro jeito" com os adversários.

Marçal soou o "apito de cachorro" - expressão popularizada no neofascismo para chamar a horda à batalha - há 13 dias do final da campanha e levou a violência para o centro da disputa política na maior cidade da América Latina.

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Em tempo: Minutos após publicar esse artigo, o jornalista Cristiano Silva, editor do site Goiás 24 horas e autor de Pablo Marçal: A Trajetória de um Criminoso, me enviou um novo vídeo que confirma as suspeitas de um ato premeditado.

As imagens mostram o bate-boca entre Nunes e Marçal antes do debate e uma ameaça explícita feita por Nahuel Medina a Duda Lima.

Após a troca de farpas, o marqueteiro de Nunes encosta em Marçal e pede: "menos, menos". 

O ato despertou a ira de Marçal, que gritou "tira a mão". Ao lado, Nahuel tem um chilique e começa a fazer ameaças a Duda.

Veja a cena: