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Os dois mistérios sobre a prisão de Pavel Durov, o dono do Telegram

A prisão do dono do Telegram é política: resta saber o que a motivou

O que está por trás da prisão de Pavel DurovCréditos: Image by Dan Taylor sob licença CCBYSA
Escrito en OPINIÃO el

A prisão de Pavel Durov foi uma das grandes notícias desta semana na agenda internacional. O empresário russo com cidadanias emirati, são-cristovense e francesa foi detido em Paris ao descer do seu jatinho. 

É acusado de crimes graves, como pedofilia e tráfico de drogas. Não foram atos que ele cometeu, mas que teria permitido ocorrer dentro da plataforma de mensagens, o Telegram.

Como se sabe, o Telegram é um desses espaços que se vende como de "liberdade de expressão". Foi por meio dele que os crimes do 8 de janeiro se organizaram e é por ele que a comunicação da resistência palestina se organiza.

É por exemplo, o lugar digital onde russos e ucranianos tem seus grupos. O mensageiro - que mais se parece com rede social - permite que você acesse as narrativas de ambos os lados, quase que de maneira indiscriminada.

Ao contrário do X, que se tornou uma rede claramente fascista, ou das redes da Meta, que possuem um viés pró-EUA, o Telegram parecia levar à sério a tal da liberdade de expressão e imparcialidade.

É o alguns que veículos turcos atribuem como motivo da prisão de Pavel Durov: a permissividade da rede social para com a resistência palestina. Ou seja: a rede não estava a fim com os interesses da Otan.

Mas vale lembrar que Durov não era um aliado do estado russo, em especial pela necessidade do Kremlin de exercer mais poder sobre a rede social Vkontakte, criada por Durov e hoje sobre controle de outros acionistas. Apesar disso, a Rússia nunca chegou a persegui-lo e tem trabalhado de maneira enfática pela sua libertação.

Foi depois disso que Durov recebeu seu passaporte de São Cristóvão e Névis, um daqueles países que vendem nacionalidade. Anos depois, conseguiu a nacionalidade dos Emirados Árabes Unidos ao transferir a sede do Telegram de Berlim para Dubai. Em 2021, conseguiu um passaporte francês.

E isso leva a dois questionamentos levantados pelo historiador e analista de política internacional João Cláudio Platenik Pitillo, em seu canal Guerra Patriótica.

Durov não tem parentes franceses, não veio de uma ex-colônia francesa, não nasceu no território e nem tinha empresas no país. Fica então o primeiro mistério: por que Durov é um cidadão francês?

A segunda pergunta, também levantada por Pitillo: o que fazia Pavel Durov antes de pisar em Paris? Ele estava no Azerbaijão, país em que Vladimir Putin estava na semana anterior.

Durov, que não é necessariamente um aliado de Putin e nem do Ocidente, fazia o que no Azerbaijão? Teria essa visita relação com a prisão de Pavel em Paris?

A prisão de Durov é política, sem dúvida. Mas somente com as respostas sobre essas duas questões - sobre a nacionalidade francesa do bilionário e sobre sua visita ao Azerbaijão - que os motivos desse movimento podem ser esclarecidos.