A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, espera que as organizações de defesa dos Direitos Humanos se manifestem contra a prisão do empresário Pavel Durov, o dono do Telegram, que foi detido em um aeroporto da França.
Ele está sendo investigado no país sob suspeita de permitir que o Telegram seja facilitador de crimes como fraude, tráfico de drogas, terrorismo e cyberbullying.
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Além de ser um mensageiro criptografado, o Telegram tornou-se uma rede social onde os inscritos podem criar canais sem limite de assinantes ou participar de grupos de até 200 mil pessoas.
Com quase um bilhão de usuários no planeta, o Telegram é o maior competidor do WhatsApp, que pertence à estadunidense Meta.
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DA RÚSSIA PARA DUBAI
Durov criou a plataforma quando tinha apenas 22 anos de idade, com o irmão Nikolai, tido como um gênio da matemática e da escrita de código. Nascido na URSS, ele tem cidadania dos Emirados Árabes Unidos e da França.
Transferiu o Telegram para Dubai depois de acusar o governo russo de tentar censurar a plataforma, em 2014.
Em 2018, a Rússia aprovou a Lei Yarovaya, que obriga os operadores de telecomunicações do país a guardar mensagens de texto e o tráfico de internet de seus usuários por seis meses, além de fornecer as chaves para eliminar a criptografia de mensagens requisitadas pelos serviços de segurança.
À época, 26 entidades de direitos humanos do Ocidente protestaram, inclusive a Anistia Internacional, o Repórteres Sem Fronteiras e o Human Rights Watch.
De acordo com Maria Zakharova, a porta-voz, as entidades:
Apelaram à ONU, ao Conselho da Europa, à Organização para Segurança e Cooperação da Europa, à União Europeia, aos Estados Unidos e a outros governos para que combatessem as ações da Rússia e protegessem os direitos fundamentais da liberdade de expressão e da privacidade.
Agora, Zakharova, conhecida por suas ácidas críticas ao Ocidente nas redes sociais, cobra as mesmas entidades para que protestem contra a prisão de Durov na França.
Ela escreveu:
Você acha que desta vez eles vão apelar para Paris e exigir a libertação de Durov, ou vão engolir a língua?
GUERRA TECNOLÓGICA
Autoridades russas que intercederam por Durov dizem que não obtiveram resposta, uma vez que ele é cidadão francês.
O episódio é visto em Moscou como mais uma tentativa do Ocidente de controlar redes sociais que ameaçam a hegemonia dos Estados Unidos.
Outra rede social de grande penetração no mundo, o Tik Tok, poderá ser banida nos EUA se a empresa controladora não se afastar totalmente do capital chinês.
Há suspeitas de que empresas de tecnologia estadunidenses tenham acordo com autoridades de inteligência locais para facilitar acesso a informações sensíveis. Elon Musk, o dono do X, faz esta acusação em relação à Meta, controladora do Facebook, do Instagram e do WhatsApp.
Ironicamente, os criadores do Telegram e do Tik Tok -- Pavel Durov e o chinês Zhang Yiming -- são jovens empresários, nascidos nos anos 80, que defendem fortemente os valores econômicos do Ocidente.
Tanto o Tik Tok quanto o Telegram argumentam que estão na dianteira tecnológica em relação a seus competidores ocidentais.
Zhang foi oficialmente definido como "porta-voz" do Partido Comunista da China pelo Departamento de Estado dos EUA.
Ao se defender nos Estados Unidos, o Tik Tok argumenta que é vítima de uma guerra que não tem relação com ideologia, mas controle do mercado.
Assim como o Tik Tok, o Telegram vem sendo um importante canal para disseminação sem censura de vídeos e informações sobre o genocídio em Gaza e a guerra na Ucrânia.