Ré no Supremo Tribunal Federal (STF) por mandar fabricar um pedido de prisão de Alexandre de Moraes - colocado pelo 'hacker' Walter Delgatti no site do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Carla Zambelli (PL-SP) pode estar associada ao mais recente ataque ao ministro, alvo de denúncias até o momento vazias em reportagens da Folha de S.Paulo em parceria com Glenn Greenwald.
As "denúncias" reveladas por Glenn e pela Folha têm como base o vazamento de conversas entre dois assessores diretos de Moraes: Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete no STF; e Eduardo Tagliaferro, então chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED), órgão subordinado à presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Te podría interesar
Tagliaferro foi detido por violência doméstica contra a esposa no dia 8 de maio de 2023 em Caieiras, região metropolitana de São Paulo. No dia seguinte, 9 de maio de 2023, o assessor foi exonerado por Moraes “devido sua prisão em flagrante por violência doméstica e aguardará a rigorosa apuração dos fatos”.
Contrariado, Tagliaferro argumentou à polícia "que jamais colocaria a integridade da família em risco" e que o disparo da arma durante a agressão à esposa teria sido acidental.
Te podría interesar
Vazamento
Nas reportagens, Glenn e a Folha afirmam que os 6 gigabites que teriam em mensagens trocadas pelos assessores de Moraes não são frutos de "hackeamento", mas foram entregues ao jornal por uma "fonte".
Nos bastidores, há duas hipóteses sobre o vazamento dos diálogos, que estariam no celular de Tagliaferro. Uma delas é uma possível "vingança" do ex-assessor de Moraes pela demissão.
Segundo o jornal, Tagliaferro teria dito que que não se manifestará, mas que "cumpria todas as ordens que me eram dadas e não me recordo de ter cometido qualquer ilegalidade".
A outra hipótese envolve diretamente a deputada extremista Carla Zambelli e a polícia liderada por Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, que afirmou nesta quarta-feira (14) que acha que a denúncia da Folha "é um caso que tem que ser apurado com todo rigor e ter as consequências necessárias".
Prisão
Tagliaferro foi preso na noite do dia 8 de maio de 2023. Antes de qualquer notícia na mídia, Carla Zambelli divulgou na rede X na manhã do dia 9 de maio que "o assessor de um homem poderoso no Brasil está na delegacia, porque tentou matar a esposa, dando vários tiros dentro de casa ontem à noite".
LEIA TAMBÉM:
Folha, Bolsonaro, Temer e Tarcísio: o que e quem pode estar por trás das "denúncias" contra Moraes
"A imprensa está querendo esconder, mas já temos gente nossa na porta da delegacia, esperando ele sair. Mais tarde darei notícias", diz a publicação da bolsonarista, resgatada pelos jornalistas Rodrigo Vianna, do ICL, e Pedro Zambarda, do DCM.
Às 9h03 do mesmo dia, Zambelli voltou à tona e publicou uma foto de Tagliaferro dentro do camburão, algemado.
"O xerife das fake News. A pergunta que não sei responder e já fiz um pedido de informações: ele ainda está trabalhando para o ministro Alexandre de Moraes?", indagou a deputada nas redes.
A Fórum entrou em contato com a assessoria da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), comandada pelo bolsonarista Guilherme Derrite, e indagou se o celular de Tagliaferro havia sido apreendido na ocasião.
A resposta foi evasiva: "O caso citado foi investigado por meio de inquérito policial instaurado pela Delegacia de Caieiras e relatado ao Poder Judiciário em maio de 2023. O autor foi solto no dia seguinte à sua prisão em audiência de custódia. Demais detalhes devem ser solicitados ao Poder Judiciário".
No entanto, o boletim de ocorrência, datado de 12 de maio - 3 dias após o ocorrido - mostra que o celular do ex-assessor de Moraes foi apreendido.
O iPhone 14 de Tagliaferro foi devolvido no dia 15 de maio. Portanto, o aparelho ficou sob a responsabilidade da Polícia Civil de Tarcísio durante 6 dias.
Resta saber quem antecipou as informações e forneceu sobre a prisão de Tagliaferro a Carla Zambelli. E o que foi feito com o celular de Tagliaferro, de onde teria partido, um ano e três meses depois, o arquivo repassado à Folha e à Glenn Greenwald no mais novo ataque a Moraes.
Veja as publicações de Rodrigo Vianna e Pedro Zambarda.