MÚSICA

Martinho da Vila, Violões e Cavaquinhos: o suficiente para um grande disco

Novo álbum do sambista traz regravações de clássicos e quatro inéditas, além de participações do rapper L7nnon e as filhas Alegria Ferreira e Mart’nália

Martinho da Vila.Créditos: Divulgação
Escrito en OPINIÃO el

O cantor e compositor Martinho da Vila com seus lindos sambas, violões, cavaquinhos e o auxílio de alguns instrumentos de percussão tocados pelo próprio autor. Esta receita um tanto simples foi suficiente para mais um lindo álbum de sua carreira: “Martinho da Vila – Violões e Cavaquinhos”.

Os ingredientes estão aí. Mas nada é tão fácil assim. É preciso, antes de tudo, ser o autor de alguns dos sambas mais lindos da nossa história. E, além disso, contar com instrumentistas do primeiro time.


E assim foi. Para tocar os violões, Martinho chamou Ana Costa, Claudio Jorge, Carlinhos Sete Cordas, Gabriel de Aquino, Rafael dos Anjos e Wellington Monteiro. Já nos cavaquinhos, participaram Alaan Monteiro, Alceu Maia, Fernando Brandão, Nilze Carvalho, Pretinho da Serrinha e Wanderson Martins.

No repertório, Martinho regravou “Canta Canta, Minha Gente”, que conta com a participação do rapper L7nnon e, ao que tudo indica, é a faixa que vai chamar o álbum. Além dela, há um pot-pourri com “Disritmia” e “Ex-amor”, que traz Preta Gil invertendo os gêneros. Desta vez, ela brinca: “Vem logo, vem curar sua nega/Que chegou de porre lá da boemia”.

A referência ao machismo no antigo sucesso volta na polêmica “Mulheres”, de Toninho Geraes, que foi muito criticada, mas, apesar disso, ganha uma bela regravação.

O álbum traz ainda um outro pot-pourri com “Calango Vascaíno”, “Calango Longo” e “Calango da Lua”, que conta com a filha Alegria Ferreira. A irmã Mart’nália também comparece em outra junção dos sambas “Batuque na Cozinha”, “Patrão, Prenda seu Gado” e “Pelo Telefone” (de Donga e Mauro de Almeida), considerado o primeiro samba da história a ganhar uma gravação.

Martinho canta o samba-enredo “Gbala — Viagem ao Templo da Criação” e mais dois medleys, um com “O Pequeno Burguês” e “Pra que Dinheiro” e outro com “Roda Ciranda” e “Madalena”.

O álbum guarda outras surpresas, com quatro sambas inéditos: “Sempre bela”; “Coisa de preto”, em parceria com Chico César; “Mulher sorriso”, composto a partir de texto do escritor e filósofo Arnaldo Niskier e “Amante fiel”, samba-enredo de Martinho da Vila para o Carnaval de 2023 da escola Unidos de Vila Isabel.

“Martinho da Vila – Violões e Cavaquinhos” é um álbum delicioso de ouvir do começo ao fim. Tem um som impecável e é muito bem tocado. Além disso, Martinho, com seus 86 anos, continua em plena forma, cantando com todo o seu suingue característico, quase sussurrado e pra lá de afinado.

Mais um disco e tanto pra compor a bela e extensa discografia do autor. Vale cada nota.