Capitão da reserva do Exército, o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) está causando um racha no fascismo bolsonarista ao ser cortejado por centro, mercado e a mídia corporativista para se travestir de candidato da terceira via neoliberal nas eleições presidenciais de 2026.
A lista da terceira via neoliberal no pós FHC, que já teve nomes moderados como Geraldo Alckmin (PSB), atual vice-presidente, passou por José Serra (PSDB), Aécio Neves (PSDB), João Doria, além de namorar Sergio Moro (União) e Eduardo Leite (PSDB). No entanto, só teve sucesso - antes de se arrepender disso - ao colocar Paulo Guedes como avalista Jair Bolsonaro (PL).
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Trocando em miúdos, o discurso neoliberal só voltou ao poder por meio do fascismo - ou pelo golpe de 2016, contra Dilma Rousseff (PT).
Antes de entrar na política, em 2014, como Diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes no governo Dilma, Tarcísio de Freitas comandou a Companhia de Engenharia do Exército brasileiro na missão da ONU no Haiti.
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Na mesma missão, o general Augusto Heleno comandou, em julho de 2005, uma ação armada que ficou conhecida como massacre de Cité Soleil, assassinando 63 moradores na maior favela da capital haitiana, Porto Príncipe.
No governo paulista, Tarcísio se aproximou de Heleno, ao assassinar 57 pessoas durante as recorrentes operações policiais na Baixada Santista.
No entanto, essa face de Tarcísio, que o aproximou do bolsonarismo, não é vista pelos neoliberais. o que é visto é um Tarcísio de terno e gravata, batendo forte o martelo da privatização do Rodoanel Norte, de terno e gravata, na Bolsa de Valores de São Paulo.
E é esse capitão que começa a se tornar a grande aposta para ser a terceira via, o anti-Lula, nas eleições de 2026.
Jantar com Huck
Renegado por uma parcela considerável da horda bolsonarista, que já vê em Michelle Bolsonaro a melhor opção para substituir o inelegível, e colecionando rusgas com Bolsonaro, Tarcísio tem recebido afagos no "centro" neoliberal. E gostado disso.
Após dar o fora em Valdemar da Costa Neto, negando que se filiará ao PL, Tarcísio jantou com Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, na casa de Luciano Huck.
Huck, que em 2016 já era considerado por Paulo Guedes como presidenciável, disse que foi uma "conversa entre amigos". Amigos de interesse comum, já que o próprio apresentador resiste em deixar os ganhos bilionários na Globo para entrar na disputa política.
Na mídia liberal, pouco se falou do encontro. Tarcísio, Campos Neto e Huck também se calaram. Mas, o que parece, é que o apresentador global apresentou as vestimentas para que o capitão se apresente como candidato da terceira via neoliberal em 2026, apoiado pela Globo.
Cada dia mais descolado de Bolsonaro, Tarcísio deve permanecer no Republicanos e já conta com a adesão de Ciro Nogueira, presidente do PP e ex-presidente de fato no governo Bolsonaro, para aglutinar as forças do centro político.
Caberá à Globo, Huck e atores neoliberais, que atuam nos bastidores da política, buscarem a adesão de grande parte da Frente Ampla que apoiou Lula em 2022 para a coalisão.
Tarcísio parece disposto a largar definitivamente a pecha de bolsonarista, colocando-se como a "figura moderada", mais limpinho e cheiroso, que Bolsonaro, como o candidato da terceira via neoliberal.
Para isso, terá que tirar o coturno manchado de sangue no Haiti e no governo Bolsonaro para calçar o sapatênis.