Ao desembarcar no Brasil em maio de 2022, o bilionário Elon Musk foi alvo de uma sequência de bajulações. Após ganhar a alcunha de "mito da liberdade" de Jair Bolsonaro (PL), foi condecorado com a medalha Ordem do Mérito da Defesa - Grau de Comendador.
A honraria, que premia civis e militares que prestaram relevantes serviços às Forças Armadas, foi ofertada pelo então ministro da Defesa, o general Paulo Sergio Nogueira de Oliveira, atualmente investigado na organização criminosa que tentou um golpe de Estado no Brasil.
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Musk deixou o país com a promessa de fornecer internet a "19 mil escolas da região amazônica", número fictício inventado pelo então ministro das Comunicações, Fábio Faria, genro de Silvio Santos.
Com a finalidade de aumentar a fortuna, o bilionário sul-africano já havia se preparado, abrindo duas empresas no país em 2021.
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Musk abriu a Starlink Brazil Holding Ltda (CNPJ 39.523.686/0001-30), que controla duas empresas com o mesmo nome Starlink Brazil Serviços de Internet, com os CNPJs 40.154.884/0002-34 e 40.154.884/0001-53.
No país, o bilionário tem como sócios Vitor James Urner e Cynthia Bastos Urner, que comandam a empresa Urner Legal Representation for Foreign Companies, que faz a representação legal de empresários estrangeiros que queiram aportar no Brasil.
Em resumo, a Urner apenas representar os estrangeiros para cumprir a legislação, que obriga empresas estrangeiras terem um representante residente no país.
Em 28 de janeiro de 2022, poucos meses após registrar as empresas - e antes do encontro com Bolsonaro -, Musk recebeu da Anatel a autorização para fornecer serviços de transmissão de dados no Brasil.
Contratos
Teoricamente, as empresas de Elon Musk estariam prontas para firmar contratos com o governo brasileiro desde que o bilionário virou alvo de bajulação dos bolsonaristas ao pisar no Brasil.
Além de fornecer internet às escolas, Bolsonaro, juntamente com os militares, prometeu entregar o monitoramento da Amazônia aos satélites de Musk.
Na visita ao Brasil, o bilionário foi levado pelo então Comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior, para conhecer o Centro Espacial de Alcântara (CEA), no MAranhão, entregue por Bolsonaro aos interesses dos EUA.
Em dezembro passado, já no governo Lula, a Marinha brasileira anunciou que iria instalar " Internet da SpaceX/Starlink a bordo de navios e também no apoio científico na Antártica".
No entanto, passados dois anos da visita ao Brasil e dos anúncios de cooperação com o governo brasileiro não há sequer um registro das empresas de Elon Musk no portal da Transparência.
Misteriosamente, há dezenas de pagamentos de viagens a servidores para a Amazônia para visitas técnicas e até instalação de antenas da "starlink".
As empresas de Elon Musk não têm nem mesmo cadastro no Portal da Transparência.
Em nota nesta terça-feira (9), a Secretaria de Comunicação Social (Secom) negou que o ministro Paulo Pimenta " falou em rever contratos do Governo Federal com a Starlink ou qualquer empresa de comunicação".
Resta saber, onde estão esses misteriosos contratos de Bolsonaro e dos militares com Musk. E até mesmo se eles existem.