Defensora do Golpe de 64, esteio do golpe de 2016, que tirou Dilma Rousseff (PT) da Presidência, e articuladora do processo que levou Jair Bolsonaro (PL) - e, com ele, Sergio Moro - ao poder, a Globo mostra, em editorial desta terça-feira (2) que segue sendo a principal face do Partido da Imprensa Golpista, o PIG, relembrando o saudoso Paulo Henrique Amorim.
No texto articulado no mesão do qual os irmãos Marinho ditam seus desejos políticos mais secretos, o jornal O Globo sai em defesa de Sergio Moro (União-PR) ao dizer que "as ações do PT e do PL pedindo a cassação de seu mandato, as evidências apresentadas desafiam a lógica e a realidade dos fatos".
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"É uma acusação ridícula", dispara o jornal, porta-voz político do clã Marinho, citando "dois motivos" pelos quais concorda com o desembargador Luciano Carrasco Falavinha Souza, relator dos processos no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), que absolveu Moro em seu voto em uma postura digna de advogado do ex-juiz.
"Primeiro, pressupõe poderes sobrenaturais de premonição, planejamento e execução. Segundo, Moro já era nome nacionalmente conhecido. Não tem cabimento achar que precisava se lançar à Presidência para disputar uma eleição ao Senado em seu estado natal", diz o editorial.
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Diferentemente do que busca sentenciar, no entanto, é a Globo quem desafia a lógica e a realidade de seus leitores ao surrupiar fatos que constam no processo e que mostram o oportunismo raso de Sergio Moro.
Cabe lembrar, que oportunismo é uma marca do ex-juiz, ex-ministro e, quiçá, ex-senador em breve. Moro tem um longo histórico de servilismo aos interesses do ecossistema neoliberal, da qual a Globo é uma das principais vozes no Brasil.
Basta lembrar a tentativa do ex-juiz de destruir a Petrobras - e a indústria petro-naval brasileira - para entrega a preços módicos ao sistema financeiro internacional.
Cabe ainda, para refrescar a memória dos editorialistas do jornalão carioca, resgatar o levantamento de sigilo da fantasiosa delação de Antonio Palloci em 2018, que sacramentou a vitória eleitoral de Jair Bolsonaro - apoiado pela Globo, que instituiu, via Instituto Milleniun, Paulo Guedes como tutor do ignorante confesso em economia.
Em um oportunismo sem fim, Moro largou a batina após se render à vaidade de comandar um "super-ministério" no governo Bolsonaro e a promessa de voltar a vestir a toga no Supremo Tribunal Federal (STF). Saiu do governo magoado após ser contrariado pelo autoritarismo do chefe.
Nos processos em que responde na Justiça Eleitoral, Moro deu mais mostras do oportunismo ao, primeiramente, tentar transferir o domicílio eleitoral para um hotel em São Paulo e se lançar pré-candidato à Presidência pelo Podemos.
Misteriosamente, o ex-ministro resolveu largar a candidatura milionária e se mudar para o União-Brasil - uma simbiose entre o PSL, que elegeu Bolsonaro, e o DEM, um resquício da Ditadura na redemocratização do país. Em seu texto, a Globo ecoa o argumento pífio de Falavinha que diz que "Moro gastou R$ 224 mil no Paraná".
No entanto, o desembargador e o clã Marinho ignoram informação crucial que consta no processo e que mostra, sobretudo, o abuso de poder do ex-todo-poderoso da Lava Jato.
Moro deixou o Podemos e a disputa pela Presidência diante de uma derrota iminente - olha o oportunismo aí de novo - em uma articulação feita pelo seu advogado, Luís Felipe Cunha.
Cunha, como até a Globo sabe, é suplente de Moro no Senado. E foi ele quem fez o lobby para o ex-juiz se filiar ao União Brasil e se lançar ao Senado - em uma vitória certa - pelo Paraná.
Um mês depois do troca-troca de partido e de candidatura de Moro, Cunha recebeu a primeira de quatro parcelas de R$ 250 mil - totalizando R$ 1 milhão - pagas pelo União Brasil.
O serviço: o advogado, suplente e articulador da ida de Moro para o União Brasil, teria realizado "parecer" eleitoral para o mesmo partido.
O valor é mais de quatro vezes o que Moro, Falavinha e a Globo contam como "gastos da campanha no Paraná". Mais que isso, contém indícios de crime, lavagem de dinheiro público, pois é oriundo do fundo partidário do União Brasil.
Moro deve escapar das garras da justiça paranaense, onde tem vários cúmplices e montou uma Abin Paralela, segundo Tony Garcia, para chantagear desafetos.
Mas, deve ser jogado definitivamente na lata de lixo da História pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Ao concluir sua defesa de Moro, a Globo diz que "nenhum tribunal pode sucumbir a interesses partidários ou distanciar-se dos fatos e das leis".
A alegação lembra o já citado saudoso Paulo Henrique Amorim, que definiu bem o alcance dos tentáculos do PIG e de sua estratégia de atuação em entrevista em 2009.
"O PIG deixou de ser um instrumento de golpe para se tornar o próprio golpe. Com o discurso de jornalismo objetivo, fazem o trabalho não de imprensa que omite; mas que mente, deforma e frauda", disse PHA, sem saber de toda História golpista que a Globo construiria depois disso.