Diante de um cenário extremamente desafiador no segundo turno, já previsto nas pesquisas de primeiro turno e confirmada pelo Datafolha nesta quinta-feira (10), Guilherme Boulos (PSOL), candidato de Lula à prefeitura de São Paulo, tentará um trunfo em cima do que considera o grande erro de Ricardo Nunes (MDB) já na largada da reta final da disputa.
O emedebista, que esconde o apoio de Jair Bolsonaro (PL) - o campeão de rejeição, ojerizado por mais de 60% dos paulistanos, seguirá com a estratégia de fugir de debates.
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Nesta quinta-feira, o emedebista faltou ao debate da rádio CBN, mas foi substituído pelos jornalistas escalados pela Globo, que tiveram um comportamento à lá Pablo Marçal (PRTB) no debate transformado em sabatina com Boulos.
Com telhado de vidro com as agressões à esposa e a ligação estreita com figuras do Primeiro Comando da Capital, o PCC, que tem cargos no governo, Nunes quer evitar a exposição de um embate direto com Boulos, que causaria grande impacto na opinião do eleitorado.
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Como desculpa, o prefeito, candidato à reeleição, afirmou que é "humanamente impossível" participar de 12 debates previstos e avalia participar de 3 deles - mas, isso ainda não é certo.
"Eu gostaria de ir em todos, mas é humanamente impossível, em 15 dias, eu participar de 12 debates. Isso não é produtivo para quem está assistindo porque você acaba dispersando os assuntos mais importantes, os de maior interesse", disse em Parada de Taipas, na Zona Noroeste.
Trunfo de Boulos?
Com a maior distância em um segundo turno em 24 anos de disputa em São Paulo e com a migração, em princípio, de 84% dos votos de Marçal para Nunes, Boulos tentará um trunfo para reverter o quadro desafiador e pescar votos na centro-direita paulistana.
Na campanha do psolista, a exposição do embate dentro da extrema direita, especialmente entre Nunes e Marçal, pode abrir brecha para a migração de eleitores para Boulos.
Após Nunes piscar para Marçal, o ex-coach trucou para cima do prefeito, dizendo que só declararia apoio após um pedido de desculpas públicos de Nunes, Jair Bolsonaro (PL), Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Silas Malafaia e, principalmente, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), governador paulista e principal fiador da campanha do emedebista.
Diante desse quadro, Nunes abandonou a ideia de atrair o ex-coach e a ideia da campanha é fingir que ele não existe. A ordem, no entanto, é evitar o nome do candidato do PRTB para não ludibriar o embarque dos "bolsominions viúvas de Pablo Marçal", como classificou Malafaia.
Por outro lado, a campanha de Boulos vai explorar o "fogo no parquinho" e estuda até mesmo usar vídeos da briga fratricida entre os dois bolsonaristas no primeiro turno, que chegou às vias de fato com o soco do sócio de Marçal, Nahuel Medina, no marqueteiro de Nunes, Duda Lima, durante debate no Flow.
Além disso, a campanha psolista vai enfatizar a relação de Boulos com Lula para reaver os votos dos 31% que escolheram o presidente em 2022, mas declaram que pretendem ir de Nunes no segundo turno.
Geraldo Alckmin, vice-presidente do PSB, de Tabata Amaral, também deve entrar de cabeça na campanha para atrair o eleitorado mais moderado, que tem lembrança das gestões do ex-tucano no governo paulista.