Ao escrever que o relógio Rolex cravejado de diamantes “foi um presente recebido em viagem oficial de negócios”, o tenente-coronel do Exército Mauro Cid assumiu que planejava roubar um bem pertencente ao patrimônio da União e ilegalmente vendê-lo no estrangeiro.
Este ilícito é mais um que passa a integrar o diversificado catálogo de desvios, crimes e ilegalidades cometidas pelo multi-delinquente fardado.
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A variedade de crimes cometidos por Mauro Cid – filho de um general [Lorena Cid] e neto de um coronel do Exército [Antônio Carlos Cid] –, sugere que o cargo de ajudante de ordens era, na realidade, uma fachada para práticas criminosas.
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O tenente-coronel está preso, mas por determinação do STF, não em decorrência de apurações do Exército, que se omite e prevarica diante da ficha corrida dele, que justificaria sua expulsão do Exército.
Até aqui, a impunidade tem sido a regra das Forças Armadas em relação a todos delinquentes fardados que cometeram ilícitos e participaram dos atentados à democracia e ao Estado de Direito.
Mauro Cid cumpre pena de prisão num quartel do Exército em Brasília, onde é tratado com regalias e recebe apoio psicológico, espiritual e, claro, a solidariedade da família militar, que levanta sua moral com romarias diárias de visitas.
O comando do Exército mandou Mauro Cid comparecer fardado na CPMI dos Atos Golpistas. A intenção era afrontar o poder político e colocar a instituição militar em sua defesa. Mexer com Mauro Cid é o mesmo que mexer com o Alto Comando do Exército.
Em comunicado, o Exército justificou a decisão alegando que, ao ser designado pelo comandante da Força para se desempenhar como ajudante de ordens do Bolsonaro, Mauro Cid “cumpria missão militar”.
O Exército encontra-se, agora, numa encruzilhada.
Ou expulsa Mauro Cid e prova que roubar patrimônio público e passar o Código Penal em revista não é missão militar; ou, então, o Exército vincula irremediavelmente sua imagem ao crime e à corrupção.