MOVIMENTAÇÕES SUSPEITAS

Sargento Jairo, que tentou resgatar joias sauditas na Receita, depositou R$ 17 mil a Mauro Cid

Depósitos foram feitos em espécie entre fevereiro do ano passado e janeiro desse ano; Informação advém de relatório do Coaf sobre ex-ajudante de ordens de Bolsonaro

O sargento Jair no aeroporto de Guarulhos, quando tentava resgatar as joias.Créditos: Reprodução
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De acordo com o relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) que faz uma devassa nas movimentações bancárias suspeitas do tenente-coronal Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro recebeu uma série de depósitos em espécie do primeiro-sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva. Os depósitos foram feitos entre fevereiro de 2022 e janeiro deste ano, totalizando a quantia de R$ 17 mil reais.

É o mesmo oficial que foi flagrado tentando recuperar as joias sauditas de Michelle Bolsonaro na Receita Federal do Aeroporto de Guarulhos no final do último ano. Na ocasião ele tentava convencer um servidor a liberar as joias, inclusive com o artifício da 'carteirada', ao insistir que eram da então primeira-dama.

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A viagem de Jairo ao aeroporto de Guarulhos foi sua última a serviço da ajudância de ordens de Bolsonaro. Toda a sua ação no local foi filmada por câmeras de segurança. O militar tentou convencer o servidor a falar pelo telefone com Cid, mas o funcionário se manteve firme e resistiu à carteirada.

O Coaf aponta que Jairo está entre as 10 pessoas que mais fizeram depósitos em dinheiro a Mauro Cid, o que indica, segundo o órgão, que há indícios de lavagem de dinheiro nas movimentações.

Coaf na cola de Mauro Cid

Um relatório do Coaf, órgão responsável por identificar e combater crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, considerou como “incompatíveis” com sua atividade econômica e capacidade financeira, as milionárias movimentações registradas nas contas bancárias do tenente-coronel Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, durante o período que abrangeu as últimas eleições e os posteriores atos golpistas.

Cid é investigado por suspeita de participação nos atos golpistas que ocorreram ao longo do último período e que culminaram nos ataques a Brasília de 8 de janeiro. O relatório do Coaf foi encaminhado à CPMI dos Atos Golpistas, que investiga esses episódios no Congresso Nacional.

  • De acordo com o relatório, Mauro Cid movimentou R$ 3,2 milhões em suas contas bancárias pessoais nesse período, que vai de 26 de junho de 2022 a 25 de janeiro de 2023;
  • Ao todo, movimentou R$ 1,8 milhão em créditos e R$ 1,4 em débitos;
  • Entre as movimentações que atraíram a atenção do Coaf estão remessas na faixa dos R$ 360 mil enviadas a contas bancárias nos EUA em 12 de janeiro deste ano, apenas 4 dias após os ataques golpistas a Brasília;
  • “A movimentação de recursos é incompatível com o patrimônio, atividade econômica ou a ocupação profissional e capacidade financeira do cliente”, diz a conclusão do relatório;
  • Mauro Cid está preso desde o último 3 de maio por conta de sua participação no esquema de fraudes em cartões de vacinação que envolvem a família do ex-presidente;
  • Ele também é investigado pelo caso das joias sauditas, das rachadinhas do Palácio do Planalto e pelos atos golpistas;
  • Mesmo nessas condições o Exército manteve o pagamento do seu salário integral, que é de R$ 17 mil;
  • A defesa de Mauro Cid diz que seu cliente é inocente e nega haver irregularidades nas transações. No entanto, só irá se manifestar nos autos do processo conforme dito à imprensa.